Quem eram as
pessoas com cabeças desproporcionais que surgiram há cerca de 3.000 anos? O
teste de DNA diz que não eram humanos.
Perdi as contas de quantos amigos e leitores
sugeriram que eu escrevesse sobre isto. Até a Gabi, minha ex-namorada, me
perguntou se eu tinha visto a notícia. Eu ia tratar sobre este assunto na
semana passada, mas o excesso de trabalho impediu.
A história das caveiras de crânio alongado ganhou força nas redes sociais nos
últimos dias. Muita gente se espantou ao descobrir, ali, no Facebook, que elas
realmente existem.
É evidente que aquilo não era novidade para todo mundo. Para muitos, caveiras
de crânios alongados não são exatamente novidade. Algumas culturas primitivas
realizavam procedimentos de alongamento craniano, usando placas de madeira que
iam sendo apertadas durante a juventude da pessoa, provocando uma deformação do
crânio, que ele se alongava para trás. Os próprios egípcios faziam isso, e “os
adeptos da teoria do astronauta do passado” – Hahaha, eu consigo ouvir a voz do
locutor do History Channel dizendo isso – veem essas práticas de deformação
craniana (que no Antigo Egito era restrita aos Faraós) como uma tentativa
rudimentar de se assemelhar a entidades originárias de outros planetas.
Acima temos uma escultura Egípcia que mostra a
cabeça alongada. Como uma escultura não prova nada, aqui está a múmia:
O alongamento craniano, a despeito de todas as
teorias que advém do que eu chamarei de “Navalha de Tsoukalos*” é muito
provavelmente uma forma de diferenciação de classe, vinculação a um grupo
social específico ou uma questão de estética.
A deformação craniana deveria começar ainda na infância, porque quanto mais
novos os indivíduos, mais fácil era a tarefa de moldar os ossos. Entre os
maias, as deformações cranianas começavam logo após o primeiro mês de vida do
bebê.
Há um amplo número de grupos étnicos que praticavam a deformação craniana como
parte de seus rituais. Além dos egípcios e das
tribos da América Central, há casos isolados na África, no Taiti, em Samoa, no
Havaí e também entre os aborígenes australianos.
Um fato interessante relacionado à deformação
craniana intencional é que ela não produz aumento do volume interno da caixa
craniana. O volume interno, bem como o tamanho do cérebro, se mantém estáveis.
Dessa forma, não é possível tornar alguém mais ou menos inteligente pela
aplicação desta técnica, de modo que a maioria dos antropólogos que se debruçam
sobre o tema acreditam que as motivações sejam meramente sociais e estéticas.
Considerando isso tudo, seria de se esperar que os crânios alongados
encontrados no museu de crânios de Paracas, no Peru, tivessem essa mesma
origem. O museu conta com cerca de 300 crânios alongados de povos regionais, a
maioria com 3000 anos de idade. Alguns dos crânios do museu são incrivelmente
alongados:
Alguns deles ainda contém
resquícios de pele e cabelo.
As ilustrações abaixo mostram como essas pessoas
provavelmente pareciam:
Embora, como eu já disse antes, essa fosse uma
pratica relativamente comum nos grupos humanos do passado (e ainda seja
praticada em algumas tribos nos dias de hoje), há quem veja nisso uma
“evidência de que extraterrestres e humanos coabitaram este planeta”. Para
essas pessoas, os crânios deformados seriam um indício disso.
Recentemente a polêmica em torno desta possibilidade ganhou força quando surgiu a notícia de que uma pessoa
cujo nome – falso – seria Brien Foerster (ele não teve a identidade revelada)
teria conseguido uma análise de DNA de um conjunto de crânios do museu de
Paracas. Segundo a notícia, o grupo escolhido possuía características incomuns,
a começar pelo peso, muito maior do que o normal.
Quando saiu o resultado, veio o choque: NÃO ERAM HUMANOS!
Segundo as análises de DNA, aqueles crânios inusitados não pertenciam a
humanos, e sim a criaturas ainda desconhecidas pela ciência.
A origem dos crânios é um cemitério antigo que o arqueólogo peruano Julio Tello
escavou em 1928. O achado mostrou ser um cemitério enorme e elaborado, contendo
túmulos cheios com os restos de indivíduos com os maiores crânios alongados já
encontrados em qualquer lugar do mundo.
Os tais indivíduos teriam aparência humana, mas os laudos do DNA mitocondrial
obtido de fibras de cabelo, raízes de dente e núcleos de ossos mostrou que eram
muito distantes do Homo sapiens, dos Neandertais e dos Denisovanos. Foerster
afirma que não consegue nem mesmo imaginar como essas criaturas se encaixariam
no mapa evolutivo. Segundo a notícia que se espalhou, Foerster trabalha para o
governo dos EUA e pretende revelar sua verdadeira identidade assim que os
estudos forem comprovados de forma irrefutável.
A questão é: Podemos acreditar isso?
Pessoalmente, eu diria que não. Há alguns pequenos elementos aí que sempre
aparecem em uma fraude. O fraudador raramente quer se comprometer, e um dos
expedientes mais batidos que existem é a testemunha secreta e o sujeito de
identidade sigilosa. Por que diabos um cara que descobre isso iria querer se
esconder atrás do pseudônimo de Brien Foerster? Faz pouco sentido, ainda mais
quando observamos atentamente a notícia, que afirma que o sujeito conseguiu a
análise de DNA junto ao Sr. Juan Navarro, proprietário e diretor do museu
local. Ora, se ele conseguiu isso com o tal Navarro, bastaria apertar o Navarro
para saber quem é o carinha de verdade.
Qual é o sentido de se esconder? Eu consigo imaginar que alguém prestes a vazar
documentos militares sigilosos, como Edward Snowden, tenha um motivo REAL para tentar se esconder atrás de pseudônimos
– coisa que ele não fez, diga-se. Já para descobrir algo curioso no campo
da ANTROPOLOGIA (esqueça ufologia, não tem nenhum
disco voador aqui neste caso), esconder a identidade parece apenas uma
justificativa para dar uma dimensão fantástica à história, ao mesmo tempo que o
cara consegue um “hide my ass”.
Segundo uma parte interessante do artigo:
O volume
craniano é até 25 % maior e 60% mais pesado que um crânio humano convencional,
ou seja, eles não poderiam ter sido deformados intencionalmente pelos processos
conhecidos de achatamento.
Eles também contêm apenas uma placa parietal, em vez de duas. O fato de que as
características dos crânios não são resultantes de deformação craniana indica
que a causa do alongamento é um mistério, e tem sido assim por décadas.
Se esta informação está correta, já deveria causar
uma certa comoção mesmo sem o DNA. O volume interno era maior? Somente uma
placa parietal? Considerando que a ampla maioria dos crânios de Paracas foram
descobertos na década de 20, isso já deveria ter sido bem estudado.
Mas a parte que mais me cheira a caô em tudo isso é a que diz:
As
amostras consistiam de cabelo – incluindo raízes – um dente, osso do crânio e
pele, e este processo foi cuidadosamente documentado por fotos e vídeos. As amostras foram enviadas depois para Lloyd Pye,
fundador do Projeto Starchild, que as entregou
para um geneticista no Texas para fazer os testes
de DNA.
Os resultados agora estão de volta, e Brien Foerster, autor de mais de dez
livros e uma autoridade sobre os antigos povos de crânios alongados da América
do Sul, acaba de revelar os resultados preliminares da análise. Ele relata as
conclusões do geneticista.
Eu coloquei as partes estranhas em negrito.
Primeiro, as amostras são coletadas com todo o cuidado. Em vez de irem direto
para um laboratório privado de análise de DNA, foram parar nas mãos de Lloyd
Pye.
Quem é Lloyd Pye?
Lloyd Pye Anthony Jr. foi um autor
americano e investigador paranormal, mais conhecido por sua promoção do crânio
Starchild. Ele
alegava que o crânio era uma relíquia de um híbrido humano-alienígena, embora o teste de
DNA mostrasse que era de um indivíduo humano do sexo masculino. Ele também
promoveu ideias de que seres criptozoológicos, como o Pé grande, eram reais e
de que os aliens interferiram na criação da vida na Terra. No fim de 1990, Pye
obteve um crânio de forma curiosa. Disse ter recebido o crânio de um casal em
El Paso, Texas. Os dois acreditavam ser um híbrido humano-alienígena.
A despeito de suas alegações
sensacionalistas, os testes de DNA mostraram que o crânio era de um simples
humano deformado. O americano Steven Novella, neurologista clínico, acredita
que o crânio pertenceu a uma criança que sofria de hidrocefalia Em 2013, Pye
foi diagnosticado com câncer e afastou-se da investigação e promoção do crânio
Starchild. Em 10 de dezembro de 2013, sua família anunciou no Facebook que Pye
morrera no dia 9 de dezembro.
Não parece estranho que os materiais coletados
tanham ido parar nas mãos de um cara que não é nem um pouco idôneo no que
concerne esse tipo de achado? Se ele já surgiu antes alegando estar de posse de
um crânio alienígena, o que será que o qualifica para transportar esse material
até o laboratório? De cara já soa estranho que essa descoberta acabe nas mãos
de alguém que ganhou dinheiro fazendo livros e dando palestras dizendo que
tinha um crânio de Et. E a história Fica ainda mais estranha quando sabemos que
ele já morreu. Mas claro, isso pode ter acontecido antes da morte de Pye e só
estar sendo divulgado agora.
Segundo a matéria, o material foi entregue a um geneticista do Texas.
Nossa, que precisão, né? Quem? Quando? Que empresa? Onde?
Isso não existe no texto, afinal, se ele se destina a crédulos, não precisa de
detalhes chatos.
Em seguida a matéria diz que “Brien Foerster, autor de mais de dez livros e uma
autoridade sobre os antigos povos de crânios alongados da América do Sul”.
Perde-se aí completamente todo e qualquer sentido de usar um pseudônimo, já que
podemos supor que existam poucos autores de mais de dez livros sobre o assunto
que se dizem autoridade em crânios alongados e trabalhem para o governo dos
EUA. Suspeito, né?
Até agora, ninguém viu sequer um documento ou estudo científico a respeito dessa
alegação. Também é importante manter o pé atrás quando essas coisas surgem nas
redes sociais e não numa publicação científica.
Dessa forma, não há absolutamente NENHUMA prova
concreta aqui. Trata-se de um Hype que bombou na net, colocado nela por prováveis
interesses financeiros.
Quais
seriam esses interesses? Vender livros que contém ou revelem ” A verdade sobre
os crânios alongados”. Algo assim:
Tudo leva a crer que há um interesse financeiro
genuíno por trás dessas alegações sensacionalistas. Brien Foerster – seja lá
quem for – Fez alegações infundadas que lidam com os resultados preliminares de
uma SUPOSTA pesquisa, criando um rolo que contém pelo
menos uma mentira.
Sem revisão por pares, ocultando nomes e pessoas com uma história vaga. Este
não é o procedimento padrão científico, óbvio.
Vamos supor que a sequência de exame de DNA no material foi realmente feita de
forma correta. Se o geneticista afirmou que “tudo que temos são dados muito
vagos”: então é estranha divulgá-los numa espécie de ejaculação precoce de
jornalismo marrom. Qual seria a razão de uma divulgação apressada de algo,
especialmente quando ”um monte de sequenciamento ainda precisa ser feito”?
É tudo extremamente suspeito.
Observe que eu não estou dizendo que os crânios do museu Peruano não possam
ter, de fato, procedência ou natureza desconhecida. Podem.
São? Ninguém pode afirmar isso com certeza sem o exame de DNA.
Se as caveiras ainda estão lá, o DNA bizarro ainda está lá. Talvez seja este
simples fato que justifique a corrida sensacionalista para revelar a
“descoberta”. Até um outro grupo conseguir autorização para obter amostras e
fazer um teste DNA direito daquilo lá e comprovar que a história não passa de
uma farsa mentirosa, os autores já ganharam rios de dinheiro com palestras,
depoimentos para o History Channel, livros, revistas e especulações diversas.
Talvez seja essa a contribuição do Starchild para o caso dos crânios alongados.
O Starchild gerou uma certa grana enquanto não se sabia o que era aquilo.
Num mundo cada vez mais repleto de adeptos da navalha de Tsoukalos, você pode
repetir a mesma mágica para a mesma plateia, que eles irão cair sempre do mesmo
jeito.
*A Navalha de
Tsoukalos
Enquanto o princípio lógico apelidado
de Navalha de Occam,basicamente diz que “Se as várias explicações de
um fenômeno forem idênticas em todos os outros aspectos, a mais simples é a
melhor”
A Navalha de Tsoukalos diria o seguinte: “Se algo parece estranho, incomum, fora
do lugar, se é uma coincidência, se envolve povos antigos, referências
desconhecidas ou rituais aparentemente incompreensíveis, a explicação deve
conter, se não em sua totalidade, pelo menos um viés em que uma entidade
alienígena está envolvida”
Giorgio A. Tsoukalos é um escritor suíço de origem grega, editor da
Legendary Times Magazine, uma publicação de grande circulação que busca por
evidências que apoiem a teoria dos astronautas do passado. Durante mais de 12
anos, Tsoukalos foi diretor do Centro de Pesquisa de Astronautas do Passado, de
Erich von Däniken. Ele apareceu no Travel Channel, no History Channel, no Syfy,
no National Geographic Channel e também na Coast to Coast AM, e é produtor de
televisão, consultor e apresentador da série de documentário televisiva
Alienígenas do Passado.
Se você entrou aqui animadão, esperando ler uma
notícia sensacional sobre crânios alienígenas, me desculpe. Mas, para não
perder a viagem:
Se você entrou aqui animadão esperando ver uma
notícia sensacional sobre crânios aliens, desculpe. Mas para não perder sua
viagem:
(É óbvio
que isso não é de verdade)
Nota:
Por incrível que possa parecer ainda existem
pessoas que acreditam num suposto alien que teve relacionamento com seres
humanos. Alguns creem que anjos caídos se relacionaram sexualmente com mulheres
e nasceram os Nefelins ou Anaquins e por ai vai... O que percebemos e diante de
Estudo bíblico no contexto de Gênesis 5 e 6, os filhos de Deus que: “ E aconteceu que, como os homens
começaram a multiplicar-se sobre a
face da terra, e lhes nasceram filhas,
Gênesis 6:2; mas uma vez vemos ai às filhas dos homens formosas se
relacionando com os filhos de Deus
(homens). Percebeu que o contexto não deixa agente sair e para outro
caminho que não seja do texto anterior? Pois bem, não sei onde eles acharam os
ditos, anjos caídos ou os aliens para interpretar o contexto de outro jeito.
Outra coisa, ora, quem era o homem justo no contexto de
Gênesis 6, não era Noé? “Estas são
as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava
com Deus”. Gênesis 6:9;
então, como pode achar que Noé e seus descendentes, Sem Cão e Jafé não eram os
filhos de Deus, uma vez que foram salvos no dilúvio? Assim fica claro que os
filhos de Deus só podem ser os descendentes de Adão e de Noé.
http://igrejaremanescente-igrejaremanescente.blogspot.com.br/
*
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P.Galhardo.