sábado, 8 de dezembro de 2012

Você valoriza as pessoas?



Ontem eu vinha do mercado estava cheios de sacolas, avistei de longe uma velhinha vendendo balas; cheguei mais perto dela e perguntei: Quanto custa essa jujuba? ela disse: "Um real" e acrescentou: "São tão pequenas
!", eu fiquei pensando cá nos meus botões, como é pouco o dinheiro que eu estou a comprar dessa senhora essas jujubas? Mas para ela o valor era grande em relação a sua vida pobre. Também percebi que ela estava bem vestida, limpinha, sem nada a desejar. E indaguei comigo mesmo: Ela talvez esteja a procurar melhorar sua pensão da aposentadoria? Muitos passam não olham, não percebe, não dão a mínima para muitos que vivem a mercê deste mundo. E além do mais ficam ainda trazendo para essas pobres pessoas angústias, aumentando suas dificuldades. Eu hoje quando vinha voltando da igreja, conversando com minha mulher disse: Você sabia que Deus talvez permitiu-me passar por tantas provações que acho q seja para eu prestar mais atenção nas pessoas? E ainda saber como por exemplo: Se senti um gordo? ou até mesmo que viver desempregado? E o homem que procura fazer tudo certo e muitas vezes dá errado? lembro-me que trabalhei numa empresa onde a gerência pediu-me para, senhor Galhardo por gentileza impeça os vendedores de estacionar o carro no pátio, pois toma lugar dos técnicos da manutenção. E eu querendo agradar a gerência fiz o q me pediram e por outro lado sofri com os vendedores que arranjaram um meio falso de me colocar na rua. Isso é fato! Como poderia olhar para pessoas e não sentir compaixão sabendo q, muitas delas estão com problemas que as vezes às próprias pessoas ou o mundo no sentido real, coloco-as assim? A Palavra de Deus nos alerta: "Pois o necessitado não será esquecido para sempre, nem a esperança dos pobres será frustrada perpetuamente."(Salmos 9:18). E Deus está olhando: "Vós quereis frustar o conselho dos pobres, mas o Senhor é o seu refúgio."(Salmos 14:6). A promessa do Senhor é que um dia esses não serão mais pobres. "...e os pobres dentre os homens se alegrarão no santo de Israel." (Isaías 29:19) Que assim seja! Olhe e pergunte-se: "Estou eu fazendo o que para amenizar o sofrimento dos pobres?" Que Deus possa alcançar seu coração e que a sua graça permaneça fazendo vc uma pessoa melhor a cada dia. Até mais

Bomba - Padres:pecados santos



Por que a instituição que mais prega a castidade e a retidão moral é palco de tantos escândalos sexuais? A porta dos fundos da Igreja está aberta. É hora de entrar.

por Texto Maurício Horta
Idade: 7, 8, 9, 10. Sexo: masculino. Condição social: pobre. Condições familiares: de preferência, um filho sem pai, sozinho – ou com uma irmã. Onde procurar: nas ruas, escolas, famílias. Como fisgar: aulas de violão, coral, coroinha. Importantíssimo: prender a família do garoto. Possibilidades: garoto carinhoso, carente de pai. Sem moralismo. Atitudes minhas: ver do que o garoto gosta e atendê-lo em cobrança à sua entrega a mim. Como me apresentar: sempre seguro, sério, dominador, pai.
Você acaba de ler o diário de um padre condenado a 15 anos de prisão por abusos sexuais: Tarcísio Tadeu Sprícigo. Em 2000, na cidadezinha de Agudos, São Paulo, ele ensinava música para um garoto de 9 anos. Essa era a fisgada. O pagamento? Favores sexuais, prestados durante um ano. Feitas as primeiras denúncias, em 2001, a Igreja o transferiu para Anápolis, Goiânia. Lá, a história se repetiria com mais duas crianças – uma de 13 anos, outra de 5.
Bizarro. Mas nada incomum. Escândalos assim têm acontecido nos últimos anos, no mundo todo. Só nos EUA, único lugar com estatísticas concretas sobre padres que cometeram abusos sexuais, 4 392 sacerdotes católicos foram denunciados por esse tipo de crime entre 1950 e 2002. Isso dá 4% do total de pessoas que exerceram o sacerdócio no país nesse período. Um número alto, ainda mais tendo-se em mente que menos de 1% da população pode ser classificada como pedófila.
Os casos com crianças são os mais visíveis entre os que envolvem a sexualidade dos padres. Mas não faltam exemplos em outras searas. Há estimativas, veja só, de que metade dos sacerdotes brasileiros tenham amantes. Boa parte deles, homens. E denúncias de que o Vaticano abriga uma grande comunidade gay, com chefões da Igreja fazendo sexo sadomasoquista. Também existem milhares de sacerdotes que largam a batina a cada ano para casar e ter filhos. E os que matam os filhos para não ter de largar a batina. Isso é um pouco do que você vai ver nestas páginas.
sexo dos anjos
A bomba sobre a sexualidade dos padres estourou lá fora em 2004, com a publicação do Relatório John Jay – um estudo encomendado pela própria Confederação de Bispos Católicos dos EUA à Faculdade de Justiça Criminal John Jay, de Nova York. Foi de lá que saiu o dado sobre a existência de milhares de padres acusados de pedofilia no país. Tudo apurado a partir de acusações feitas às dioceses, não à polícia. A iniciativa de pedir o relatório foi o ponto culminante de um escândalo que tinha começado dois anos antes, quando o então arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, confessou ter protegido um padre que, sabia ele, tinha molestado crianças. Daí para a frente acusações e processos se avolumaram, trazendo à tona casos que tinham acontecido desde a década de 1940.
E agora o assunto volta aos holofotes por aqui. Imagine um dos mais respeitados defensores dos Direitos Humanos no Brasil. Um protetor de moradores de rua, de internos da Febem e de crianças soropositivas, admirado pelos movimentos sociais. Padre Júlio Lancelotti. Na metade de outubro, ele denunciou o ex-interno Anderson Marcos Batista, de 25 anos, e sua mulher, Conceição, de 44, ambos com antecedentes criminais por acusações de furto e tráfico. Em 3 anos, o casal extorquiu do padre R$ 150 mil – ou R$ 600 mil, segundo o próprio Batista. Uma das compras do ex-interno foi uma picape Pajero, em que colou um adesivo – “Deus é fiel”. Para conseguir o dinheiro, o casal fez uma série de ameaças. Uma delas, denunciar à imprensa que Lancelotti teria abusado sexualmente do filho de Conceição, de 8 anos. De vítima, o padre virou acusado.
Foi na Febem que o padre conheceu Batista, então internado por roubo. Lá, diz ter sido abusado pelo padre aos 16 anos. Batista afirma que, depois de liberado, manteve um relacionamento sexual de 8 anos com o padre, em troca de dinheiro.
Não há provas dessas acusações, tampouco o padre apresentou explicações convincentes sobre a origem do dinheiro. E, ao ser indagado sobre o que o levou a pagar Batista por 8 anos, disse que “era para mudá-lo pelo bem, não pela força”.
No fim das contas, a história parece toda mal contada, em ambos os lados. E pode muito bem refazer o trajeto do famoso caso da Escola Base, em São Paulo quando os donos do colégio foram falsamente acusados de violentar seus alunos. Apesar da falta de provas, a imprensa divulgou o caso com estardalhaço. A escola fechou. Aí, depois que o mundo dos acusados já tinha caído, a polícia concluiu que todos eram inocentes. É possível que isso se repita com o padre Júlio. Que ele nunca tenha molestado uma criança. Mas, seja qual for o desfecho dessa história, ela é só mais uma entre tantas acusações de cunho sexual contra sacerdotes da Igreja Católica.
E o problema não é só com eles: tribunais de Justiça dos EUA e da Irlanda já decidiram que a Igreja, como instituição, é tão responsável quanto os padres pelos crimes que eles cometeram. No ano passado, 14,7 mil crianças irlandesas receberam um total de 1,3 bilhão de euros em indenizações por terem sofrido violências sexuais nas mãos de padres. Nos EUA, a arquidiocese de Boston foi condenada em 2002 a pagar US$ 85 milhões a 552 vítimas. Em 2007, a de Los Angeles desembolsou mais ainda: US$ 600 milhões, para 500 pessoas molestadas por sacerdotes. Além disso, escândalos se avolumam até nas altas cúpulas: o cardeal austríaco Hans Hermann Groër, chefe da Igreja de seu país, e o arcebispo George Pell, da Austrália, chegaram a se afastar dos cargos nos últimos anos após acusações depedofilia.
É evidente, também, que a Igreja Católica não detém o monopólio dos escândalos sexuais. No Sri Lanka, por exemplo, um monge budista se matou após ser condenado a 20 anos por pedofilia. Nos EUA, um rabino de Nova York foi preso em 2006, acusado de molestar crianças.
Mesmo assim, não dá para negar a associação entre padres e abusos sexuais. E a pergunta é óbvia: por que, num ambiente que prega a castidade e a retidão moral, isso acontece tanto?
A motivação
Há várias hipóteses possíveis, nenhuma excludente. Número 1: falta de punição. Os líderes locais da Igreja abafam os casos, deixando os abusadores livres da Justiça comum. Nisso eles ficam soltos para continuar praticando crimes. Dos 4 392 padres acusados no Relatório Jonh Jay, por exemplo, só 14,1% foram denunciados à polícia. O resto das acusações morreu dentro das dioceses, acobertado por líderes como o cardeal Bernard Law. O caso do padre Tarcísio também ilustra isso. Em vez de denunciá-lo à Justiça, seus superiores apenas transferiram-no de paróquia. E ele pôde continuar agindo.
Número 2: o padre é uma figura respeitada no seu círculo social. Um criminoso de batina, então, tem grandes chances de se aproveitar desse poder. É o que fez Hélio Alves de Oliveira. O padre Helinho dirigia um colégio católico em Rio Claro, São Paulo. Em 2004, ele foi condenado a 16 anos de prisão por atentado violento ao pudor. Helinho abusava de 3 meninos que tinham entre 8 e 10 anos. As crianças tendiam a obedecê-lo e ficar em silêncio.
A 3º hipótese é o celibato, uma das mais polêmicas instituições da Igreja. E uma das mais antigas. A origem dela se confunde com a das próprias religiões. Sua função, historicamente, é fazer com que o religioso se desapegue do mundo material. Ela está no hinduísmo, que tem 5 mil anos de história, por exemplo. O budismo, que começou por volta do ano 500 a.C., teve seus primeiros dias como uma ordem de monges que via no celibato uma forma de eliminar o desejo – e, de quebra, o sofrimento com as frustrações.
Na Europa, o celibato existe pelo menos desde a Antiguidade Clássica, seja entre filósofos, como Pitágoras – ele acreditava na falta de sexo como uma forma de alcançar o equilíbrio –, seja entre sacerdotes de cultos arcaicos, como o maniqueísmo e o hermeticismo. E no fim das contas chegou aos cristãos. Em boa parte, por influência de um homem que louvava o celibato, o apóstolo Paulo de Tarso, maior divulgador do cristianismo durante o século 1. No ano 306, o concílio regional de Elvira reformulou as leis da cristandade e decretou que, mesmo casados, padres e bispos deveriam abster-se do sexo. Dezenove anos depois, outro concílio, o de Nicéia, proibiu que padres vivessem com mulheres que não fossem sua mãe, irmã ou tia. Mas o casamento só foi abolido de vez depois que o papa Gregório 7º reforçou a imposição ao celibato, a partir de 1074.
A instituição nunca deixou de ser questionada, claro. Principalmente na Reforma Protestante, dos séculos 16 e 17. Para os reformadores, além de ir contra os ensinamentos bíblicos, o celibato era uma das causas para “abominações e más condutas sexuais” dentro do clero.
Vida sem sexo
Aqui é preciso abrir um parêntese na história da Igreja para ouvir o que a ciência tem a dizer. Você sabe: a idéia do celibato parece totalmente contra a natureza. Para o grosso da população mundial, passar o resto da vida sem sexo não fica atrás de ser condenado à prisão perpétua. Mas e aí? Dá mesmo para viver sem sexo? “Dá, sim”, diz o psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr., diretor do Instituto Paulista de Sexualidade. “Se uma pessoa tem um projeto de vida racional que impliquecelibato, ele é viável. Não atrapalha.”
A estimativa é que 2,5% dos homens e 7,7% das mulheres escolheram o celibato como modo de vida. “E eles fizeram isso porque não sentem necessidade de atividade sexual. São pessoas para quem o sexonão tem apelo. Esse dado precisa ser levado em conta, porque mostra que nem para todos o celibato é um sacrifício”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, da USP, coordenadora do Projeto Sexualidade (Prosex), que chegou a esses números.
Por esse raciocínio, o celibato funciona se a grande motivação para ele for o desejo de não fazer sexo. Ok. Mas não é o que acontece na Igreja. Quem vira padre o faz porque quer dedicar sua vida a fazer o bem; porque sente prazer em ajudar; porque quer dar conforto espiritual. A princípio, ninguém parte para o sacerdócio porque não quer transar nunca mais. Mas não há escolha. O celibato na Igreja é uma condição, não uma opção.
Os números falam por si. Se existem 400 mil padres hoje no mundo, também há 150 mil pessoas que largaram a batina para casar. E mais: “No Brasil, cerca de 50% dos sacerdotes teriam amantes. Esta prática de não cumprir o voto de castidade está se espalhando pela Europa e pelos EUA”, disse o teólogo Aldo Natale Terrin, da Universidade Católica de Milão, à rede britânica BBC. E emendou: “As autoridades eclesiásticas erram ao afastar os casados do sacerdócio e manter os que cometem abuso sexual e pedofilia”.
Mas alguns sacerdotes que furam o bloqueio não têm estrutura para encarar as conseqüências. Foi o que aconteceu com o padre mexicano Dagoberto Arriaga. Sua fuga do celibato lhe rendeu um filho. Com medo de ser expulso da Igreja, ele matou a criança em 2005. Acabou condenado a 55 anos deprisão.
Com uma realidade dessas, o Vaticano deve estar mudando a cabeça em relação ao celibato, certo? Errado. No fim de 2006, o cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes, considerado progressista dentro da Igreja, foi transferido para Roma, como chefe da Congregação para o Clero no Vaticano. Sua tarefa era cuidar de problemas relacionados ao comportamento de padres. Numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que “apesar de o celibato fazer parte da história e da cultura católicas, a Igreja pode reverter essa questão”. Mas estamos em tempos de conservadorismo no Vaticano. Bento 16, lembre-se, prega a castidade não só entre os sacerdotes mas entre os fiéis também. Todo mundo só devia transar para se reproduzir, diz o papa. Baita saia-justa defender o fim do celibato numa situação dessas. Hummes até precisou se retratar ao Vaticano, dizendo que o assunto não está em discussão.
Mas deveria estar. É o que pensa Eliana Massih, psicóloga do Instituto Terapêutico Acolher, uma instituição autônoma que se dedica a aconselhar padres pedófilos: “Quando se propõe a vida celibatária, a idéia é que a falta de sexo seja compensada pela vida comunitária. Mas isso nem sempre acontece”, afirma. E completa: “Há pessoas que têm vocação para o sacerdócio, mas não para ocelibato”.
Rodrigues concorda: “O celibato imposto provoca frustração, incômodos, mal-estar. E, conseqüentemente, ansiedade e um estresse crônico”. Certo. Mas existe outro problema. Ainda mais grave.
Em pele de cordeiro
A imposição do celibato e a pedofilia podem andar de mãos dadas. Expliquemos. A idéia de não fazersexo é um potencial atrativo para gente que quer fugir da própria sexualidade. Essas pessoas são aquelas com “conflitos sexuais”, como dizem os psicólogos. Pode ser um homossexual que acha sua preferência um pecado ou um pedófilo que não compreende seu desejo por crianças, por exemplo. “Esses conflitos podem fazer com que pessoas busquem ordens religiosas onde o celibato é obrigatório para se livrar do mal-estar que sentem”, diz Rodrigues.
Juntar essas contradições internas ao estresse do celibato é uma mistura explosiva. E ajuda a explicar por que existem tantos escândalos de pedofilia na Igreja.
Mas não é o suficiente. Para entendermos melhor o fenômeno, temos de olhar para as circunstâncias em que os abusos contra crianças acontecem.
Os atos de pedofilia não ocorrem na calada da noite, numa rua deserta. Os abusadores precisam ter acesso à intimidade da vítima e à confiança das pessoas em volta. Por isso aparentam ser pessoas sérias – afinal, quem vai confiar o filho a alguém que pareça um... pedófilo? Eles são, em geral, ou do círculo familiar – pai, parentes, vizinhos – ou profissionais insuspeitos, com livre acesso às crianças e posição de responsabilidade. Aí entram professores, instrutores de acampamento, líderes religiosos. Padres.
Em 2005, o governo da Irlanda encomendou um relatório para estudar o abuso de mais de 100 crianças por clérigos da diocese de Ferns, no sudeste do país. Muitos desses homens eram vistos como pessoas espirituais, bem-sucedidos e dedicados à sua paróquia. E é exatamente a imagem de pedófilos como pessoas sinistras que faz os abusos sexuais permanecer indetectáveis por muito tempo.
Como o pedófilo consegue chegar à vítima? Abusar sexualmente não é tão fácil quanto roubar pirulito. Segundo o relatório Ferns, em geral o abuso acontece depois de um longo e bem planejado processo. O agressor sempre cria as circunstâncias propícias, se tornando amigo das famílias com crianças. Para facilitar, ele procura crianças vulneráveis. Em casas assistenciais, por exemplo. E as intimida para obter o silêncio.
Tarcísio, o padre do diário, foi transferido de Agudos, São Paulo, para Anápolis, Goiânia. Lá conheceu um coroinha de 13 anos. Aproveitou a pobreza da família para convidá-lo a morar na paróquia. Um mês depois, passou a assediá-lo, tentar fazer sexo. Um dia, o pré-adolescente chegou bêbado em casa e contou tudo à mãe. Então Sprícigo trocou de vítima: agora um garoto de 5 anos. Novamente, a música como isca: durante aulas de violão, o padre fazia o mesmo que fez com sua vítima de Agudos. Tentou até penetrá-lo, mas não conseguiu por causa dos gritos de dor da criança.
Para se proteger, o padre Tarcísio fazia suas vítimas jurar diante de uma imagem de Jesus Cristo que manteriam segredo. Atração e intimidação. Um dia, a criança chegou em casa dizendo: “Vovó, eu sei fazer amor”. A avó perguntou quem havia ensinado, mas a criança se recusava a contar – “Mamãe vai me bater”, dizia. Quando a avó a convenceu de que não apanharia, contou – “O padre Tarcísio me ensinou”. O sacerdote pressionou para que a família silenciasse. Mas não conseguiu.
Gays e a Igreja
O Relatório John Jay traz um dado intrigante: dos padres pedófilos, 64% abusaram somente de meninos, enquanto 22,6% abusaram somente de meninas. É o inverso do que acontece na população geral, em que mais meninas sofrem abuso. Seria então a porcentagem de homossexuais na Igreja maior do que fora?
Para o psicoterapeuta americano Richard Sipe, sim. Richard é um ex-padre casado com uma ex-freira missionária e que já foi professor, conselheiro e psicoterapeuta de mais de 1 000 clérigos com histórico de envolvimento sexual.
Com base em suas experiências, ele diz que metade dos padres mantém relações sexuais (como disse Aldo Terrin sobre os sacerdotes daqui). E mais: que 30% dos padres têm amantes mulheres; 15%, amantes homens; e cerca de 5% teriam “comportamentos problemáticos” (como a pedofilia) – uma proporção parecida com aquela do Relatório John Jay.
Se Sipe estiver certo, a porcentagem de gays ativos dentro da Igreja chega a ser em média o dobro do total de gays da sociedade brasileira. Segundo a maior pesquisa já feita no Brasil sobre o assunto, o Projeto Sexualidade, de 2004, 7,9% dos homens são homo ou bissexuais. É quase a metade do que Richard observa na Igreja.
A Igreja sabe da existência de padres homossexuais e isso preocupa o conservador Bento 16. Em novembro de 2005, o Vaticano aprovou uma instrução que fecharia as portas para os gays. Segundo ela, a Igreja não pode admitir ao seminário quem pratique atos homossexuais, que apresentem “tendências homossexuais profundamente arraigadas” ou que apóiem a cultura gay. E quem tiver tendências homossexuais “transitórias” precisa superá-las 3 anos antes de ser ordenado.
E o que dizer de padres homossexuais que seguem à risca o celibato? Eles existem, claro, assim como existem padres heterossexuais que seguem à risca o celibato. Mas seriam eles pecadores? Não necessariamente. O catecismo católico diz, por um lado, que atos homossexuais não podem ser aprovados em caso algum, pois a Sagrada Escritura os apresenta como pecados graves. Seriam “intrinsecamente desordenados”. Por outro, o catecismo afirma que pessoas com tedências homossexuais devem ser acolhidas com respeito e delicadeza, sem qualquer traço de discriminação.
Segundo o padre Edênio Valle em seu artigo A Igreja Católica ante a Homossexualidade, quase todos os estudiosos católicos de hoje concordam que atração pelo mesmo sexo não é uma opção, mas, sim, algo imposto pelo destino, assim como nascer homem ou mulher. Logo, não é uma questão moral nem há lugar para a culpa – ninguém é bom ou mau por ter sentimentos que não pode afastar de si. O pecado estaria na aceitação dos atos homossexuais. E não nos gays em si.
Que o diga o próprio Vaticano: um artigo da revista americana Newsweek conta que, segundo alguns funcionários da Santa Sé, a sede da Igreja teria uma comunidade gay “underground”. Como não sobreviveriam em suas paróquias, muitos padres homossexuais teriam sido levados para o Vaticano, onde receberiam alguma função burocrática.
Foi à sombra da Basílica de São Pedro, aliás, que aconteceu um dos maiores escândalos dos últimos tempos envolvendo homossexualidade na Igreja. Em outubro, o monsenhor Tommaso Stenico, alto funcionário da Congregação para o Clero, convidou um jovem que ele tinha conhecido num chat sadomasoquista na internet para uma visita a seu escritório, em pleno Vaticano. O que ele não sabia era que o rapaz estava fazendo uma reportagem sobre a vida sexual de sacerdotes para uma rede de TV. E que tinha entrado em sua sala com uma câmera escondida.
Stenico pergunta “Você gosta de mim?” e elogia a beleza do jovem. Quando vê que o bote do monsenhor é iminente, o repórter à paisana dispara: “Mas isso não seria um pecado aos olhos da Igreja?” Stenico diz que não. Depois se enche das recusas do rapaz e o leva embora. Não sem antes dizer “Você é muito gostoso...”
O programa não identificou o monsenhor. Mas os superiores dele reconheceram o escritório. E oVaticano suspendeu-o imediatamente. Para se defender, Stenico disse que se fazia de gay para ajuntar informações sobre pessoas envolvidas num complô para seduzir padres à homossexualidade e desacreditar a Igreja.
Abusos contra mulheres
Os escândalos de sacerdotes gays e pedófilos chamam mais a atenção da imprensa, por motivos óbvios. Mas também há casos de abuso por parte de padres héteros.
Uma compilação deles está no estudo Desvelando a Política do Silêncio: Abuso Sexual de Mulheres por Padres no Brasil, da socióloga Regina Soares Jurkewicz. Seu conteúdo é tão explosivo que, após dar entrevista a uma revista, foi demitida do Instituto de Teologia da diocese de Santo André, SP, onde trabalhou por 8 anos.
Jurkewicz analisou 21 casos de abuso sexual contra mulheres por clérigos entre 1994 e 2002 – 17 deles envolvendo meninas entre 9 e 16 anos. Chegou à conclusão de que abusadores escolhem mulheres pobres, com dificuldade de se expressar, sem consciência de direitos e com vida considerada moralmente “dúbia” – em outras palavras, pegam aquelas menos prováveis a denunciá-los e com menos credibilidade caso o façam.
O estudo diz que, enquanto a cúpula da Igreja mantém-se silenciosa, preocupada em saber se o clérigo está disposto a pedir perdão a Deus e, principalmente, em manter a imagem da instituição, as comunidades em que ocorrem denúncias de abuso sexual por parte de seus padres “oscila entre compreendê-los, aceitar seu comportamento, duvidar das denunciantes e até responsabilizá-las – afinal, podem ter seduzido o sacerdote, um homem celibatário por definição”.
A conclusão de Jurkewicz é que as práticas ilegais masculinas são toleradas pelas comunidades e pronto. Mesmo que feitas por padres. E cita o caso de um sacerdote flagrado como cliente de uma rede de prostituição juvenil desmantelada pela polícia. Nesse caso, um fazendeiro defendeu o padre, seu amigo, e debochou: “Que mandem um padre bicha para a cidade para acabar com o problema”.
Não são só os amigos que ajudam. Sempre que algum sacerdote está metido em confusão existe a pecha de que a Igreja o protege da Justiça. Mas até que ponto isso é verdade?
E o Vaticano?
Seria absurdo dizer que o catolicismo apóia abusos sexuais. O direito canônico, isto é, a lei da Igreja Católica, coloca os pecados dessa estirpe entre os mais sérios, junto com o homicídio. No entanto, a cúpula da Igreja parte do pressuposto de que só ela deve julgar os pecados cometidos por seu clero, e isso dificulta que os crimes sexuais sejam levados à Justiça. “A responsabilidade sobre o padre [acusado de má conduta sexual] é do bispo da diocese a que ele pertence”, diz o padre Geraldo Martins, assessor de comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Em casos graves, o padre é expulso da Igreja.
Em 1962, o papa João 23 teria enviado a bispos e arcebispos do mundo todo um documento secreto chamado Crimen Sollicitationis. Ele instruía os chefes da Igreja a lidar com padres que abusaram de crianças e impunha um alto grau de segredo a todos os envolvidos nesses casos. A pena para quem abrisse a boca era a excomunhão automática – incluindo as testemunhas e os acusadores.
Em Crimen Sollicitationis, se a acusação fosse considerada infundada, todos os documentos com essaacusação deveriam ser destruídos. Se houvesse alguma prova vaga, o caso seria arquivado até a chegada de uma evidência contundente de fato. Já se a prova fosse forte, mas insuficiente, o acusado levaria uma advertência e o processo seria mantido sob observação. Caso a prova fosse definitiva, o acusado seria levado a um julgamento dentro da Igreja.
Em 2001, o papa João Paulo 2o publicou o Sacramentorum Sanctitatis Tutela, esboçando novas normas para graves ofensas. Em seguida, a Congregação para a Doutrina da Fé discutiu e explicou essas normas numa carta a todos os chefes religiosos do mundo, assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento 16.
Segundo essa carta, a Congregação, no Vaticano, continuaria a ter competência exclusiva em relação a certas ofensas graves – entre elas, as ofensas sexuais com menores de 18 anos.
Mas, apesar da exposição cada vez maior na mídia, os crimes sexuais estão diminuindo. Essa é mais uma das conclusões do Relatório John Jay. Ele mostra que padres ordenados na década de 1960, por exemplo, cometeram 25,3% dos abusos sexuais contra crianças entre 1950 e 2002. Os que entraram para a Igreja nos anos 70 respondem por 19,6%. E a queda continua. Só 8,4% dos crimes são obra de padres ordenados nos 80. Os mais jovens, que entraram de 1990 em diante, formam apenas 2,3% do total.
Mas o que explica essa queda?
Paz na terra
Um dos motivos para a melhora está nos programas de tratamento de desordens psicossexuais de clérigos. Até os anos 50, a atividade sexual do padre era vista como um problema exclusivamente moral ou espiritual, segundo Richard Sipe. Homossexualidade e pedofilia eram “tratados” apenas com a transferência de paróquia ou com “renovações espirituais”.
Depois, passaram do campo somente moral e espiritual para o científico. Finalmente, foi reconhecida sua dimensão psicológica. Em 1976, a congregação religiosa americana Serventes do Paracleto abriu o primeiro programa para tratamento de desordens psicossexuais, o que incluía abuso de menores. O tratamento ficou tão high-tech que padres que não respondem à terapia convencional recebem uma castração química com o medicamento Depo-Provera, que diminui os níveis de testosterona e, conseqüentemente, a libido em homens. Ironicamente, o Depo-Provera é um anticoncepcional, tão combatido pela Igreja Católica.
No Brasil, o mais importante centro de tratamento de padres é o Instituto Terapêutico Acolher, presidido pelo padre. Edênio Valle, professor de psicologia da religião da PUC-SP. De acordo com Eliana Massih, existe uma grande preocupação da Igreja Católica sobre sexualidade e desvios de conduta associados. Além da assessoria de psicólogos, há a publicação de artigos sobre sexualidade em periódicos como a Revista Eclesiástica Brasileira, com circulação entre o clero.
Mas a Igreja consegue mesmo garantir que seminaristas escolham a vida sacerdotal como algo bom para si, em vez de uma fuga de sua sexualidade? “Não completamente. Mas em grande parte sim”, diz Massih. Hoje, a Igreja faz uma “operação pente-fino” antes de admitir um seminarista, com uma sabatinada de avaliações psicológicas.
Outro ponto que ajuda é a própria conscientização dos clérigos para não deixar que crimes de seus colegas passem em branco. “Hoje, qualquer padre responsável e consciente de seus deveres toma as medidas necessárias segundo a lei”, diz o padre Edênio.
Segundo a lei e segundo a própria fé cristã, que reza: não faça ao outro aquilo que não quer que façam com você.
Aconteceu em Mariana (MG). O padre Bonifácio Buzzi, na época com 41 anos, foi denunciado e preso por levar um garoto de 11 anos à beira de um rio “para pescar” – na verdade, ele passou um longo tempo fazendo sexo oral na criança e tentou comprar-lhe o silêncio com R$ 5. Foi a 2a denúncia contra o padre – 13 anos antes, ele teria molestado um menino de 5 anos e outro de 11.
Causo de pescador - Abril de 2002
Em São João do Triunfo (PR), o padre Jacinto César Parachuk, na época com 35 anos, foi preso em flagrante por molestar um garoto de 14 anos. Ao depor, o menino disse ter sido atraído por uma oferta de R$ 10 para cortar grama. Dois anos antes, outra acusação de abuso havia provocado a expulsão do padre do quartel do Exército em Uruguaiana, RS, onde foi capelão.
Dose dupla - Maio de 2003
Diretor de uma casa de assistência na região de Sorocaba (SP), o padre Alfieri Eduardo Bompani, de 62 anos, abusou de 13 crianças entre 6 e 10 anos. Ele chegou a registrar os casos em uma pasta de seu computador chamada “Contos Homossexuais”. Em 2003, foi condenado a 93 anos de prisão. A Igreja Católica terá de desembolsar R$ 3,2 milhões em indenizações às vítimas.
Diário macabro - Agosto de 2006
Uma câmera de celular flagrou o padre Sebastião Braga fazendo sexo com um garoto de 11 anos na casa paroquial de Comendador Gomes, MG. O padre, acusado de abusar sexualmente de 6 garotos, confessou os crimes e disse ter feito tudo inconscientemente. Ao deporem, duas crianças contaram que o padre pagava às vítimas de R$ 10 a R$ 80.
No celular - Dezembro de 2006
O padre Djalma Brito Mota, de Ichu, BA, foi sentenciado a 7 anos e 7 meses de prisão por corromper adolescentes em 2005 e 2006. Em 2005, levou o adolescente J.N.S. para fazer um exame oftalmológico em Feira de Santana. Na volta, trocou carícias com ele. Um dia depois, pagou R$ 10 para que o garoto e um amigo participassem de uma pequena orgia na casa paroquial.
De olhos abertos - Outubro de 2007
Na época com 40 anos, o padre Paulo Sérgio Maria Barbosa foi flagrado com um adolescente de 14 anos dentro de um Gol, num canavial em Corumbataí (interior de SP). No carro havia 48 fotos de meninos, camisinhas e uma revista com capa sobre pedofilia. Dom Eduardo Koaik, bispo de Piracicaba, levantou a suspeita de armação. “O padre é respeitoso com todas as pessoas”, afirmou.
No carnaval - Maio de 2002
Foi na frente de um drive-in em Marília (SP) que o pai de duas meninas, de 15 e 16, surpreendeu José Balikian. O padre se relacionava com as duas havia um ano e meio. Foi preso após o pai apresentar 150 e-mails enviados pelo religioso às garotas.
No Drive-in - Junho de 2005

Para saber mais

www.bishop-accountability.org
Ong que documenta abusos sexuais por parte de padres.
www.usccb.org/nrb/johnjaystudy
Íntegra do Relatório John Jay, sobre pedofilia na Igreja.
 Fonte: IASD http://wp.me/pnCOx-6HQ

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Marquinhos Maraial canta "SÁBADO" acústico

A Visão de Ellen White do Caminho Estreito



Enquanto estive em Battle Creek, Michigan, em agosto de 1868, sonhei que estava com uma grande multidão. Parte daquela assembléia apresentou-se para viajar. Tínhamos carroças abarrotadas. Caminhando nós, a estrada parecia subir. De um lado havia um profundo precipício; e do outro, uma muralha alta, lisa e branca. ...
À medida que avançávamos, a estrada se tornava mais estreita e íngreme. Nalguns lugares parecia tão estreita que concluímos não mais poder viajar com as carroças carregadas.Desatrelamos os animais para, com parte da bagagem, prosseguir a viagem a cavalo.
Prosseguindo nós, o caminho continuava ainda a estreitar-se. Fomos obrigados a andar junto à muralha, para não cair do caminho estreito ao precipício. Fazendo isso, a bagagem sobre os cavalos apertava-se de encontro à parede e nos compelia para o precipício. Receávamos cair e ser despedaçados nas rochas. Retiramos a bagagem de sobre os cavalos e ela tombou no precipícioContinuamos a cavalo, receando grandemente que, ao chegar aos lugares mais estreitos do caminho, perdêssemos o equilíbrio e caíssemos. Em tais ocasiões, uma mão parecia tomar as rédeas e guiar-nos pelo perigoso caminho.
Tornando-se o caminho mais estreito, vimos que não mais seria possível ir com segurança a cavalo; deixamo-los e prosseguimos a pé, em fileira, um seguindo as pegadas do outro. Neste ponto apareceram pequenas cordas que caíam do alto da alvíssima muralha; estas foram avidamente agarradas por nós para nos ajudarem a manter o equilíbrio no caminho.
Enquanto caminhávamos, a corda prosseguia conosco. O caminho se tornou finalmente tão estreito que concluímos poder viajar com maior segurança sem o calçado; assim, descalçamo-nos e fomos certa distância. Logo decidimos que poderíamos viajar com mais segurança sem meias; estas foram tiradas e viajamos descalços.
 Pensamos então naqueles que se não haviam acostumado com privações e dificuldades. Onde estavam esses tais agora? Não se achavam na multidão. Em cada mudança que se fazia, alguns eram deixados atrás, e apenas permaneciam aqueles que se haviam acostumado a suportar dificuldades. As privações do caminho apenas faziam com que estes se tornassem mais ávidos de avançar até ao fim.
 Aumentou o nosso perigo de cair do caminho. Comprimíamos junto à muralha branca, e não podíamos nem assentar bem os pés no caminho; pois era estreito demais. Apoiamos então quase todo o nosso peso nas cordas, exclamando: "Temos apoio de cima! Temos apoio de cima!" As mesmas palavras foram proferidas pela multidão toda, no caminho estreito.
 Estremecíamos ao ouvir o rumor de folgança e orgia, que pareciam vir do abismo. Ouvimos o juramento profano, a galhofa banal, e cânticos baixos e vis. Ouvi o cântico de guerra, e a canção de dança. Ouvi música instrumental e altas gargalhadas de mistura com pragas, gritos de angústia e pranto amargurado, e ficamos mais ansiosos do que nunca por nos conservar no caminho estreito e difícil. Grande parte do tempo éramos obrigados a ficar com todo o nosso peso suspenso das cordas, que aumentavam de tamanho enquanto prosseguíamos.
 Notei que a bela parede branca estava manchada de sangue. Dava um sentimento de pena ver-se a parede assim manchada. Este sentimento, porém, não durou senão um momento, visto que logo achei que tudo era como deveria ser. Os que vêm seguindo atrás saberão que, antes deles, outros passaram pelo caminho estreito e difícil, e concluirão que, se outros foram capazes de vencer, eles próprios poderão fazer o mesmo. E, ao sangrarem seus pés doloridos, não desfalecerão de desânimo; antes, vendo o sangue na parede, saberão que outros suportaram a mesma dor.
Chegamos finalmente a um grande despenhadeiro, onde terminava o nosso caminho. Nada havia agora para nos guiar os pés, nada em que pudéssemos repousar. Devíamos então depender inteiramente das cordas, que tinham aumentado até ao tamanho de nosso corpo. Ali estivemos por algum tempo imersos em perplexidade e angústia. Indagamos em tímido cochicho: "Em que estará presa a corda?" Meu esposo estava precisamente diante de mim. Grandes gotas de suor caíam-lhe do rosto, as veias de seu pescoço e têmporas haviam crescido tanto que atingiam duas vezes seu volume usual, e seus gemidos abafados e agonizantes eram ouvidos. O suor caía-me do rosto, e eu experimentava uma angústia tal como ainda não havia provado. Terrível luta estava diante de nós. Fracassássemos ali, e todas as dificuldades de nossa jornada teriam sido passadas em vão.
 Diante de nós, do outro lado do precipício, havia um belo campo de relva verde, de aproximadamente quinze centímetros de altura. Eu não podia ver o Sol; mas raios de luz, brilhantes e suaves, assemelhando-se ao ouro e à prata fina, rasteavam o campo. Coisa alguma que eu houvesse visto sobre a Terra poderia comparar-se em beleza e glória com esse campo. Mas ser-nos-ia possível alcançá-lo? - essa era a ansiosa indagação. Se a corda se partisse, haveríamos de perecer. Outra vez em angustioso cochicho, foram sussurradas estas palavras: "Em que estará presa a corda?"
 Por alguns momentos hesitamos em nos arriscar. Então exclamamos: "Nossa única esperança está em confiar inteiramente na corda. Dela temos dependido em todo o caminho difícil. Ela não falhará agora." Ainda estávamos hesitantes e angustiados. Foram então proferidas estas palavras: "Deus segura a corda. Não devemos temer." Estas palavras foram então repetidas por aqueles que estavam atrás de nós, e acompanhadas destas outras: "Ele não nos faltará agora. Trouxe-nos até aqui em segurança."
 Meu marido deu então um salto por sobre o assustador abismo ao belo campo além. Eu segui imediatamente. Oh, que sensação de alívio e gratidão para com Deus experimentamos! Ouvi levantarem-se vozes em louvor triunfal a Deus. Eu era feliz, perfeitamente feliz.
 Despertei, e vi que, pela ansiedade que experimentara ao passar pelo caminho difícil, todos os meus nervos pareciam estar a tremer. Esse sonho não necessita de comentário. Produziu-me uma impressão tal que provavelmente cada minúcia permanecerá vívida diante de mim enquanto minha memória perdurar.
 Vida e Ensinos, págs. 179-184

A OFERTA ACEITA E A NÃO ACEITA

   

   FONTE: IASD  http://wp.me/pnCOx-6Hj

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

VIAGEM AO SOBRENATURAL II - AO MUNDO OCULTO



VIAGEM AO SOBRENATURAL - AO MUNDO OCULTO


IGREJA REMANESCENTE - A ÚLTIMA ESPERANÇA


A RAINHA ESTHER - FILME COMPLETO


EVIDÊNCIAS - A NOVA ORDEM MUNDIAL PARTE 1-3


EVIDÊNCIAS - A NOVA ORDEM MUNDIAL PARTE 2-3


EVIDÊNCIAS - A NOVA ORDEM MUNDIAL PARTE 3-3


ILUMINATI - A NOVA ORDEM MUNDIAL PARTE 1-3


ILUMINATI - A NOVA ORDEM MUNDIAL PARTE 2-3


ILUMINATI - A NOVA ORDEM MUNDIAL PARTE 3-3


JESUS CRISTO EM SUA OBRA - A IGREJA REMANESCENTE PARTE 2

                           Continuação Jesus Cristo em Sua Obra a Igreja Remanescente:

Estranho programa para arrebatar o mundo a que era proposto.
                           Mostrar a bem-aventurança na pobreza...aos que cobiçavam e roubavam o alheio!
                           Mostrar a bem-aventurança na mansidão ...aos que se compraziam em descarregar violentamente sua ira!
                           Mostrar a bem-aventurança na justiça...aos que somente conheciam a opressão do fraco e do escravo!
                           Mostrar a bem-aventurança em ser misericordioso...ao mundo que vivia na satisfação da vingança!
                           Mostrar a bem-aventurança em ter limpo o coração...aos que, no paroxismo do vício e da carne, deificaram até as perversões do instinto!
                           Mostrar a bem-aventurança no padecer e na perseguição por viver santa e justamente...aos que fugiam da dor e do trabalho e atingiram o refinamento do gozo!
                           Meditai, amigos, se esse é um programa que tem algum motivo para arrastar multidões. Aí tem os amigos a súmula do conteúdo doutrinal, original de um judeu justiçado, apresentado por vulgares e ignorantes judeus ao mundo do poder e das letras.

                                                                             * * *

                           Com desprezo transbordante de ódio, foi recebida pelos grandes gênios e talentos do Império, a doutrina do justiçado.
Públio Cornélio Tácito ou simplesmente Tácito, foi um historiador, orador e político romano. Ocupou os cargos de questor, pretor, cônsul e procônsul da Ásia. É considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade.
                            Tácito chamou-a de desoladora superstição, "exitiabilem superstitionem".
Plínio, o Velho (Gaius Plinius Secundus), um nobre romano, cientista e historiador que morreu na erupção do Vesúvio em 79 d.C                           Plínio, escrevendo a Trajano, classificou a doutrina cristã de loucura, "amentiam".
                           Marcus Minucius Felix foi um dos mais primeiros apologistas latinos do Cristianismo. De sua história pessoal, nada se sabe, e até a data em que ele escreveu só pode ser inferida por aproximação como sendo entre 150-270 dC.
                           Conta-nos Minúcio Félix que o retórico africano, Frontão, tinha o cristianismo por "furiosam opinionem", doutrina carente de engenho e cultura, indigna dos gregos e dos romanos.


                                                                     * * *


                            Somente deprezo? Foi somente desprezo, amigos, que encontrou essa doutrina e que aguardou seus Apóstolos e seguidores?
                            Não, amigos. Desprezo com tormentos. E que tormentos!
                            Urgia varrê-la do Império. E força e poder detinha o Império em suas mãos, esse Império que, dominando o mundo, tornou-se seu senhor pelo poder das armas.
                            Conhecia, então, o Império romano o seu período áureo, trazendo as suas águias imperiais o mundo todo submetido pela força.
                            Roma dominou impérios, escravizou raças, aniquilou e subjugou povos aguerridos e ferozes. Por que não iria o Império reduzir a silêncio aquela pregação estulta e estólida de judeus desprezíveis, ignaros e plebeus?
                             O Império Romano era o mundo todo. O mundo todo no auge do poder e da glória.
                             E esse poder, na plenitude de sua força, arremeteu ingente contra o cristianismo que despontava, pregando a doutrina dum vulgar justiçado que, com sua tendência para a igualdade e a fraternidade entre os homens, e em todo seu conteúdo doutrinário, repelia o povo que dominava o universo inteiro.
                             Desencadeou-se, tremenda, a perseguição do ano 64, a mando daquele cujo nome passou à História  como sinônimo de crueldade: Nero.Nero Cláudio César Augusto Germânico, foi um imperador romano que governou de 13 de outubro de 54 até a sua morte, a 9 de junho de 68. E durante 249 anos, amigos, com os altos e baixos que acontecem nas tempestades marítimas, rugiu aquela tormenta de ódio e de dor contra os cristãos.
                             Corpos de cristãos, embebidos em pez e resina, arderam como tochas para o capricho de Nero.                   
                             Como animais ao matadouro, conduziam-se os cristãos ao Circo e ao Coliseu, para serem atirados às feras.
                             
                                      Diocleciano reafirmando o princípio de igualdade romano: O povo é igual a lixo e está um grau abaixo do carpete do palácio.
                                      Domiciano e Diocleciano apuraram o refinamento dos suplícios na dilaceração dos corpos.
                             Ninguém negará que a doutrina pregado por pescadores, freio de paixões, sem qualquer promessa alegre para este mundo terreno, contemplada, numa noite romana, à luz de corpos cristãos transformados em tochas vivas, não era espetáculo para atrair voluptuosos senadores e elegantes patrícias.
                             Com a frieza e a energia de quem está acostumado a dispor do comando de inumeráveis exércitos, ordena Trajano que, se o Cristão delatado persevera na confissão de sua fé, deve ser morto sem mais delongas, a fim de que esta gente desprezada não perturbe a ideologia e a vida do império. 
                              Correu sangue em torrente, sangue de homens no esplendor da virilidade e no ocaso da vida, sangue de crianças, sangue de mulheres, sangue de moças, como Inês e Cecília, sangue de escravos, sangue de parentes de imperadores, sangue de magistrados, sangue de militares, de senadores, até de uma legião completa de soldados tebanos.
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                         Gigantes se erguem contra o Cristianismo: Nero, Domiciano, Setimio, Severo, Décio
Diocleciano, Galério; levantaram-se, amigos, Trajano, Caracalla...e, em seu poder despótico, transbordante de ódio e de rancor, manejam tridentes de ferro que rasgam as carnes dos cristãos, com ossos e entranhas à mostra; lançam mão de instrumentos que, com suas cordas e polés, esticam os membros, que se desconjuntam centímetro a centímetro em todas as articulações; usam lâminas e bois de bronze feito áscuas, que fazem crepitar a carne dos cristãos, ao morrer assados como animais; utilizam pez e fogo que transformam corpos em tochas que iluminam orgias de hienas; dispõem de tenazes que mutilam, laceram, arrancam pedaços dos corpos; usam feras cujas garras fazem as carnes em tiras e cujas mandíbulas trituram, tal roda de moinho, os corpos dos mártires devorados jorrando sangue, os ossos lambidos e roídos pelos animais saciados.
                         Eis o Império Romano disposto a esmagar o Cristianismo! Meios é que não lhe faltam!
Quantos cristãos morreram? 
                          Muitos, muitíssimos, sem número...já dizia uma inscrição daquela época que os mártires foram   tantos, "quorum nomina Deus scit",  que somente Deus conhece o nome de todos eles...
Pensemos, amigos. Reflexionemos.
                    Existiram doutrinas que dispuseram de todo o ímpeto que as paixões mais fortes da Humanidade encerra, como bem sabem os que estudaram História da Filosofia - existiram, amigos, existiram...isto é, não existem. Foram, não são. Passaram, pereceram.
Existiram, amigos, impérios e nações que dispuseram de gênios na Filosofia, de oradores, cuja eloquência empolgou multidões, de generais e de exércitos que subjugaram o mundo. Existiram, amigos, isto é, já não mais existem, como da Grécia, o de Roma...existiram!
                        E diante dessa lei da História, da caducidade de tudo quanto tem o humano por fundamento,
por maior que seja, apresenta-se este outro fato histórico inegável, da perpetuidade única, e de experiência intuitiva.

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Guarde a Terceira parte da Obra de Jesus Cristo a Igreja Remanescente