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Introdução
A ideia
de que todo crente é obrigado a dizimar (dar 10% da sua renda para a obra do
Senhor) é largamente difundida nas igrejas evangélicas de hoje. Já bem
cedo na vida espiritual, praticamente todo crente é ensinado que tem que
dizimar. Algumas igrejas creem tão fortemente em dizimar que seus membros
regularmente recitam o Credo do Dizimista -- "O dízimo é do
Senhor. Em a verdade, o aprendemos. Em a fé, o cremos. Em a alegria, o damos.
O dízimo!" Outros [muitos] pregadores têm clamado que qualquer
crente que não dá o dízimo para o trabalho do Senhor está roubando
Deus e está sob maldição, de acordo com Malaquias 3:8-10.
Neste livrinho, examinaremos o que a [própria] Bíblia ensina sobre o assunto
do dízimo, sendo nosso propósito entendermos [somente pela Bíblia] qual
a [real] relevância que o dízimo tem para os crentes no Senhor Jesus Cristo,
vivendo sob o Novo Pacto. Faremos isto examinando o que a [própria] Bíblia
tem a dizer sobre o dízimo: 1) antes da Lei ser dada; 2) sob a Lei Mosaica;
3) nas Escrituras do Novo Testamento. [0]
1 - O dízimo,
antes da Lei
Há duas
passagens Bíblicas que falam de um dízimo sendo dado antes que a Lei fosse
instituída no Sinai. As passagens envolvem Abraão e Jacó, dois dos patriarcas
de Israel.
Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro
(depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele)
até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. 18 E Melquisedeque, rei de
Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. 19 E abençoou-o,
e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da
terra; 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas
tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. [Todas as citações são da
Almeida Corrigida Fiel]"
Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque,
presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e
conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo. Aqueles
que crêem que o dízimo é mandatório para os crentes do Novo Testamento
argumentam que, uma vez que o dízimo foi praticado antes que a Lei Mosaica
fosse dada, ele forçosamente também tem que ser praticado depois da Lei
Mosaica (que tem sido feita obsoleta pelo estabelecimento do Novo Pacto,
através do sacrifício de Cristo) (He 8:13). No entanto, antes que cheguemos a
qualquer decisão dura e apressada, olhemos de mais perto o texto
[acima] e façamos algumas observações pertinentes.
- Não há nenhuma evidência neste texto de que dizimar foi ordenado por
Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer que dar o dízimo foi,
completamente, uma decisão e [livre] escolha de Abraão. Como tal, foi
completamente voluntária. Como veremos pouco depois em nosso estudo, o
dízimo, na Lei, de modo algum era voluntário, mas sim obrigatório a todo o
povo de Deus.
- Ademais, este é o único dízimo que as Escrituras mencionam que Abraão
jamais deu [em toda a sua vida]. Não temos nenhuma evidência de que dizimar
era sua prática geral [habitual, constante].
- Ainda mais, este dízimo proveio do despojo da vitória que Abraão adquiriu
por poderio militar. Como notaremos depois em nosso estudo, o dízimo exigido
sob a Lei Mosaica era sobre o lucro da colheita, dos frutos e dos rebanhos, e
para ser dado em uma base anual -- não o despojo de uma vitória militar!
Gênesis 28:20-22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus
for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e
vestes para vestir; 21 E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me
será por Deus; 22 E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e
de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta a uma visitação
que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho, Jacó viu uma escada alcançando
o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho, Deus estava
de pé, acima da escada, e disse a Jacó "... Eu sou o SENHOR Deus de
Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a
ti e à tua descendência; 14 E a tua descendência será como o pó da terra, e
estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na
tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; 15 E eis que
estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a
esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho
falado." (v. 13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus
guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo. Novamente,
em semelhança ao exemplo de Abraão, parece que este dízimo foi voluntário da
parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar [a Bíblia não o registra]
depois que Deus cumpriu a promessa que lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar
por 20 anos! [até depois da volta a Canaã.]
Estes dois são os únicos exemplos de dizimar que podem ser encontrados
no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos de algo
voluntário, e nenhum desses dois dizimar foi pedido por Deus. Em nenhum dos
personagens [Abraão e Jacó, que deram estes dois dízimos,] vemos um exemplo
de dizimar como uma prática geral [habitual, constante] das suas vida. De
fato, na vida de Abraão, parece que temos um dízimo como algo que ele só deu
uma única vez em sua vida, e foi [um dízimo] dos despojos de uma vitória
militar, dado a um sacerdote de Deus [1].
Se nossa única evidência para obrigar crentes sob o Novo Pacto a dizimarem se
apóia nestas duas passagens de Gênesis, parece-me que estamos nos apoiando em
um fundamento muitíssimo inseguro!
2 - Dizimando,
sob a Lei Mosaica
Que
ensina a Bíblia sobre o dízimo sob a Lei Mosaica? Nesta seção do nosso
estudo, examinaremos todas as passagens significantes que descrevam o dízimo
sob a Lei, nas Escrituras.
Levítico 27:30-33: "Também todas as dízimas do campo,
da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao
SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa,
acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as
dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo
será santo ao SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o
trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será
santo; não serão resgatados."
Note que, nesta passagem, o dízimo é descrito como sendo parte do produto
da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado, e do rebanho. O
dízimo não era o dar dinheiro. Em local algum das Escrituras você encontrará
que dizimar era o dar dinheiro para Deus. Ademais, o dízimo era
provavelmente dado em uma base anual. Cada ano, depois que a terra tinha sido
colhida, as pessoas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas
colheitas e do aumento na manada e no rebanho [2].
Daí, penso que podemos imediatamente ver que nossa contribuição semanal
(ou mensal) de dez por cento de nossa renda monetária difere muito da
prática do dízimo que encontramos na Bíblia.
Números 18:21-24 ["O Dízimo para os Levitas"]: E
eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por
herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.
22 E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para
que não levem sobre si o pecado e morram. 23 Mas os levitas executarão o
ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade;
pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de
Israel nenhuma herança terão, 24 Porque os dízimos dos filhos de Israel, que
oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas;
porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança
terão.
Note, neste texto, que o dízimo foi planejado para ser o sustento dos
levitas. Uma vez que estes não tinham nenhuma herança [terra para atividade
agro-pastoril] na Terra Prometida, tal como a tinham as outras tribos, Deus
fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras famílias de
Israel. De fato, em Números 18:31 somos ditos "E o comereis em todo o
lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso
ministério na tenda da congregação." O dízimo foi o pagamento-
recompensa que Deus supriu para os levitas, pelos seus serviços sacerdotais.
Isto é similar ao sustento que os funcionários do governo recebem hoje no
nosso país, através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador comum.
Deuteronômio 14:22-27 ["O Dízimo para o Festival"]: Certamente
darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do
campo. 23 E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali
fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do
teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que
aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. 24 E quando o caminho
te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o
lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR
teu Deus te tiver abençoado; 25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua
mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; 26 E aquele dinheiro
darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por
vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali
perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; 27 Porém não
desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem
herança contigo.
Este texto fala de um dízimo sendo usado para prover para as festas e
festivais religiosos de Israel. Números 18:21 nos diz que Deus deu todo
o dízimo em Israel para ser a herança para os Levitas. Se todo o dízimo foi
dado aos Levitas, então como é que este dízimo (em Dt 14) é dito para ser
usado para as festas e festivais religiosos de Israel? A resposta tem que ser
que este é um segundo dízimo. O primeiro era usado para o sustento dos
Levitas e o segundo para prover para os festivais religiosos, tanto assim que
chegou a ser referido como "O Dízimo para o Festival". O povo
de Israel devia usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em
Jerusalém (o local que Ele escolheu para estabelecer seu nome). Se fosse
demasiadamente incômodo para as pessoas de longe trazerem seus dízimos todo o
caminho até Jerusalém, seria permitido que elas o vendessem e
trouxessem o dinheiro [apurado] até Jerusalém, onde poderiam comprar aquilo
de necessidade para os festivais. Deus expressamente encoraja as pessoas a
gastarem o dinheiro deles em "tudo o que deseja a tua alma,"
incluindo bebida forte! ! [3]
O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender [ambas as
coisas:] a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Note que ter um sentimento
de temor do Senhor, e regozijar ante Ele, não são mutuamente exclusivos, mas,
na realidade, são complementares, deveriam acompanhar um ao outro! Este
"Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de Israel
ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir
gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.
Deuteronômio 14:28-29 ["O Dízimo para os Pobres"]: Ao
fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os
recolherás dentro das tuas portas; 29 Então virá o levita (pois nem parte nem
herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro
das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu
Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.
Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo que é coletado a cada
terceiro ano. Os comentaristas Bíblicos estão divididos quanto a se este é
realmente um terceiro dízimo, em separado, ou apenas é o segundo dízimo usado
de um modo diferente, no terceiro ano. O historiador judeu Josephus apóia o
ponto de vista de que este foi um terceiro dízimo, em separado. Outros
antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio a que é [apenas] o segundo
[tipo de] dízimo que, a cada três anos, era coletado e usado com outro fim. É
impossível se determinar com absoluta certeza quem está certo. De qualquer
modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar pelo menos [10 + 10 =] 20
por cento das suas colheitas e rebanhos, e talvez tanto quanto [10 + 10
+ 10/3] = 23.3 por cento! Este dízimo particular bem poderia ser chamado
"O Dízimo para os Pobres". Não devia ser ajuntado em Jerusalém, mas
nas aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas
colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia,
incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei é hoje similar à
taxação que o governo impõe sobre nós. Israel era governado por uma
teocracia. Sob ela, o povo era responsável por prover para os trabalhadores
do governo (os sacerdotes e os levitas em geral), para os dias santificados
(festas de alegria ao Senhor), e para os pobres (estrangeiros, viúvas e
órfãos).
Neemias 12:44: Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as
câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para
ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes
e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e
dos levitas que assistiam ali. Note que o texto diz que os dízimos
eram exigências "da Lei".
Estes dízimos não eram voluntários como o foi nas vidas de Abraão e Jacó.
Similarmente, lemos em Hebreus 7:5 "E os que dentre os filhos de
Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo
do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de
Abraão." [Indiscutivelmente] o dízimo nunca foi voluntário, sob a
Lei de Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias, homens eram indicados
para ajuntarem as ofertas e os dízimos em câmaras designadas para aquele
propósito particular. Estas câmaras eram para os bens armazenados, e depois
se tornaram conhecidas como "casas do tesouro". Isto se tornará
importante quando olharmos para o nosso próximo texto, em Malaquias 3.
Malaquias 3:8-12: Roubará o homem a Deus? Todavia vós me
roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.
9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta
nação. 10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento
na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós
uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. 11 E por
causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa
terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos
Exércitos. 12 E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós
sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.
Examinemos esta passagem verso por verso, para que dela possamos extrair
algumas importantes verdades.
3:8 Este verso nos diz que quando um homem retém seus dízimos ele está
roubando, na realidade, a Deus. Isto porque ele está retendo
algo que não lhe pertence, antes é propriedade de Deus. [4]
Sob o Velho Pacto, o dízimo era mandatório, portanto retê-lo era se tornar um
ladrão. Note também que Deus diz que o povo o estava roubando em dízimoS.
Ele não disse no "dízimo", mas sim nos "dízimoS"
(plural). Estes "dízimos" têm que se referir aos diferentes
dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o Levita, o Dízimo para as
Festas ao Senhor, e o Dízimo para os Pobres). Adicionalmente, observe que
Deus não está condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das ofertas.
Estas, sem dúvida, referem-se às ofertas especificadas em Levíticos 1-5, tais
como a oferta queimada [holocausto], a oferta dos manjares, a oferta de paz,
a oferta pelos pecados, e a oferta pelas culpas. Todas estas ofertas eram
constituídas, principalmente, de sacrifícios de animais. O suprimento de
comida e mantimento para os Levitas era provido, em grande parte, através
destes sacrifícios de animais, dos quais os Levitas eram permitidos
participar [comendo-os], em certos casos. Uma importante pergunta emerge a
este ponto. Por que é que reconhecemos que o sacrifício de animais não é
coisa para o Novo Pacto, mas dizemos que o dízimo o é? Se estivéssemos sob a
obrigação de pagar dízimos hoje, então, certamente, ainda estaríamos
obrigados a oferecer sacrifícios de animais. Deus amarrou um ao outro (os
dízimos e os sacrifícios), e disse que Seu povo O estava roubando por reter a
ambos. Não podemos decidir "pegar e escolher" qual dos dois
ofereceremos a Deus, hoje. Das duas uma: [a] estamos sob a obrigação de
oferecer ambos, tanto dízimos como ofertas de animais (sacrifícios), ou [b]
ambos [dízimo e sacrifício] têm sido abolidos pela ab-rogação da Lei Mosaica.
3:9 Aqui, somos ditos que, como o povo de Israel estava retendo os
dízimos e ofertas, conseqüentemente estava amaldiçoado com uma maldição. Note
que o verso não diz "Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me
roubais, sim, toda a humanidade." Ao contrário, diz "Com
maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação."
Se dizimar fosse um mandamento moral e eterno para todos os povos de todos os
tempos, então todos estes estariam sob maldição. Mas nosso texto somente diz
que é toda nação de Israel que estava sob a maldição. Agora, o que é interessante
sobre esta "maldição" é que, em Deuteronômio 28, somos ditos que se
Israel, sob a Lei Judaica, desobedecesse os mandamentos de Deus, então a
nação seria amaldiçoada. Note os seguintes textos: Deuteronômio 28:18
"Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias
das tuas vacas, e das tuas ovelhas. 23 E os teus céus, que estão sobre a
cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro. 24
O SENHOR dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre
ti, até que pereças. 38 Lançarás muita semente ao campo; porém colherás
pouco, porque o gafanhoto a consumirá. 39 Plantarás vinhas, e cultivarás;
porém não beberás vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá. 40
Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite; porque a
azeitona cairá da tua oliveira. E todas estas maldições virão sobre ti, e
te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não
ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os
seus estatutos, que te tem ordenado;" (Dt 28:18, 23-24, 38-40,
45). Nestes versos, Deus adverte que, se o Seu povo desobedecesse Seus
mandamentos e estatutos, então as ceifas dele falhariam, as chuvas não
viriam, as colheitas seriam pequenas, a locusta [tipo de grilos ou
gafanhotos] consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia.
3:10 Nesta passagem, Deus fala da "casa do tesouro". Com base
em Neemias 12:44, sabemos que isto se refere às câmaras no Templo, postas à
parte e designadas para guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento
dos sacerdotes [e a todos os demais levitas]. Não existe sequer um fiapo de
evidência de que devemos associar estas "casas do tesouro"
aos prédios das igrejas para os quais os crentes do Novo Pacto devem trazer
seus dinheiros. Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os
dízimos para dentro da casa do tesouro era que houvesse [bastante] alimento
na casa de Deus. Deus estava interessado em que os levitas tivessem comida
para comer. Este era o propósito daqueles dízimos que eram trazidos para o
Templo de Deus. Somos ditos, também, que se o povo de Deus fosse fiel em
trazer seus dízimos para a casa do tesouro, Deus abriria as janelas do céu e
derramaria para eles uma bênção até que transbordasse. Isto sem dúvidas
refere-se à promessa de Deus de trazer abundantes chuvas para produzir a
bênção de uma transbordante ceifa.
3:11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os dízimoS
[e as ofertaS], Ele repreenderá o devorador para que não
destrua o fruto da terra. Sem dúvidas, o "devorador" é uma
referência às locustas que Deus adverte que virão sobre os campos de Israel
se o povo falhar em trazer o dízimo (Dt 28:38; vide acima).
3:12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se Israel for obediente
no dar os seus dízimoS e ofertaS, todas as nações
a chamarão abençoada. É interessante que Deus não apenas advertiu Israel de
que seria amaldiçoada se desobedecesse a Lei Mosaica, mas também prometeu que
seria abençoada se a obedecesse. Note estes textos, "1 ¶ E será que, se
ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus
mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre
todas as nações da terra. 2 E todas estas bênçãos virão sobre ti e te
alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus; (Dt 28:1-2). 4
Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus
animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. 8 O SENHOR mandará que
a bênção [esteja] contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua
mão; e te abençoará na terra que te der o SENHOR teu Deus. 11 E o SENHOR te
dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais,
e no fruto do teu solo, sobre a terra que o SENHOR jurou a teus pais te dar.
12 O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no
seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas
nações, porém tu não tomarás emprestado." (Dt 28:1-2, 4, 8, 11-12).
Aqui, Deus prometeu abençoar Israel materialmente, se ela fosse obediente. A
promessa inclui abundantes colheitas, copiosas chuvas, e grandes aumentos nas
manadas e nos rebanhos.
Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições escritas em Malaquias
3:8-12 referem-se às bênçãos materiais que Deus prometeu a Israel, se
ela obedecesse seus mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes
mandamentos.
Portanto, que podemos concluir sobre o dízimo, sob a Lei Mosaica? Penso que,
com segurança, podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o dar dinheiro
regularmente, numa base semanal ou mensal, mas, ao contrário, tinha a
ver com a adoração a Deus conforme ordenada no tempo do Velho Pacto. O
mandamento para dizimar, tal como os mandamentos para não comer camarão nem
ostras, tornou-se obsoleto e foi colocado de lado, pela inauguração do Novo
Pacto, na morte de Cristo. O dízimo foi o sistema de impostos e taxas
ordenado por Deus sob o sistema teocrático do Velho Testamento.
Se alguém deseja dizimar realmente [literalmente] de acordo com as
Escrituras, teria que fazer o seguinte:
1) Deixar seu trabalho e comprar uma terrinha, de modo que possa criar seu
gado e plantar e colher [grãos, verduras e frutas].
2) Encontrar algum descendente de Leví, para sustentá-lo [e este a um
descendente do levita Arão (que realmente seja sacerdote, no Templo, em
Jerusalém)].
3) Usar suas colheitas para observar as festas religiosos do Velho Testamento
(tais como Páscoa, Pães Asmos, Pentecostes, Tabernáculos) [quando, como e
onde Deus ordenou. Literalmente];
4) Começar por dar pelo menos 20 por cento de todas as suas colheitas e
rebanhos a Deus; e
5) Esperar que [com toda certeza] Deus amaldiçoe sua nação [em oposição ao
próprio crente] com [grande] insuficiência material, se ela for infiel, ou a
abençoe com [grande] abundância material, se for fiel.
Penso que todos nós concluiríamos que isto é completamente absurdo! Todos
reconhecemos que Cristo tem abolido o sacerdócio levítico, os sacrifícios de
animais, e as festas religiosas, em Cristo. Bem, se isto é verdade, por que
estamos tentando segurar [i.é manter] o dízimo, que foi parte e parcela
de todas essas ordenanças do Velho Testamento?
3 - Dizimando, no
Novo Testamento
A coisa
mais interessante sobre o conceito de dizimar, debaixo do Novo Testamento, é
que é quase que virtualmente ausente . No NT há [somente] quatro diferentes
passagens que fazem alguma menção ao dízimo. [Examinemo-las.]
Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e
desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis,
porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas."
Esta passagem em Mateus é também repetida de uma forma similar em Lc 11:42.
Em ambos os casos é importante notar que o dízimo tinha a ver com ervas que
serviam de condimentos e eram cultivadas no quintal (o produto do campo), ao
invés de ter a ver com dinheiro. Adicionalmente, Jesus falou estas palavras
aos fariseus, que eram muito religiosos e guardadores da Lei, e o fez
enquanto a Lei ainda estava em vigor. Dizer que, uma vez que Jesus
falou a estes fariseus que deviam dizimar, isto força que também nós devemos
dizimar, ignora o fato que aqueles fariseus viviam sob pacto e leis
diferentes daqueles de um salvo do Novo Testamento. Cristo, através da sua
morte, inaugurou o Novo Pacto, assim efetivando uma mudança na Lei (Lc 22:20;
He 7:12) [Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este
cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. (Lucas
22:20) Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança
da lei. (Hebreus 7:12)]. Finalmente, notemos que o dízimo aqui mencionado
não foi voluntário em nenhum sentido da palavra. Jesus lhes diz que
"deveis" [tendes o dever de] dizimar. [O dízimo] era mandamento,
ordem para todos os judeus e, assim, era obrigatório.
Lucas 18:12: "Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos
de tudo quanto possuo."
Jesus, nesta passagem, está ensinando a parábola acerca do fariseu e do
cobrador de impostos. Cristo põe estas palavras na boca do fariseu que se
via a si mesmo como justo: "dou os dízimos de tudo quanto
possuo." Cristo está enfatizando [não o dever do crente
neo-testamentário pagar o dízimo mosaico aos levitas, mas] que o homem se vê
a si mesmo como justo, confia em suas obras para ser aceitável ante Deus,
todavia, a despeito do melhor que faça, não é justificado ao olhos de Deus.
Repetimos: Cristo está falando acerca de um fariseu que dá o dízimo, ao tempo
em que vivia sob a Lei Mosaica, não de um crente [da Dispensação da Igreja]
dizimando sob o Novo Pacto.
Hebreus 7:1-10: "1 ¶ Porque este Melquisedeque, que
era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de
Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; 2 A quem
também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação,
rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; 3 Sem pai,
sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo
feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. 4
Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu
os dízimos dos despojos. 5 E os que dentre os filhos de Levi recebem o
sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de
seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. 6 Mas
aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão,
e abençoou o que tinha as promessas. 7 Ora, sem contradição alguma, o menor é
abençoado pelo maior. 8 E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem;
ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. 9 E, por assim dizer, por
meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. 10 Porque
ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao
encontro."
Nesta longa passagem, o objetivo do autor é mostrar a superioridade do
sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico e, portanto, exortar seus
leitores para não retornarem às suas formas judaicas de adorar, repletas com
seus sacerdócio, Templo e sacrifícios. O autor menciona o relato de Abraão
pagando dízimos a Melquisedeque, [somente para o autor] mostrar que, desde
que Levi estava nos lombos do patriarca Abraão, na realidade Levi pagou
dízimos a Melquisedeque e foi abençoado por ele. Uma vez que é óbvio que o
menor é sempre abençoado pelo maior, Melquisedeque e seu sacerdócio são
maiores que os levitas e o sacerdócio deles. Aqui, o autor de Hebreus não
está mais que reafirmando o fato que Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, um
fato que já temos analisado [acima]. Esta passagem não está exortando os
crentes [neo testamentários] a darem [o dízimo] como Abraão o fez [mesmo que
só do despojo de guerra e só uma vez na vida]. Ao contrário, está instruindo
os crentes a perceberem a excelência de Cristo, o qual ministra como um
sacerdote muitíssimo superior aos levitas. Portanto, esta passagem não pode
ser usada para forçar o dízimo sobre os cristãos. Simplesmente, ela não foi
escrita para tratar deste assunto. Ela não tem nada a ver com cristãos
dadivando das suas rendas para Deus e sua obra, mas, ao contrário, tem tudo a
ver com a superioridade de Cristo.
Bem, aí você tem a totalidade do ensino do Novo Testamento sobre o dízimo.
Não há nem sequer uma, uma só palavra em todo o Novo Testamento que ordene ou
mesmo sugira que se espera que crentes, dentro do Novo Pacto, dizimem. Mas,
enquanto o Novo Testamento fica em total silêncio sobre o dever dos cristãos
dizimarem, não o fica sobre o assunto de dadivar, sobre isto o NT fala muito
e muito alto.
O Novo Testamento nunca estipula um certo valor percentual como um padrão
obrigatório e exigido para nossas contribuições. Ao contrário, as Escrituras
declaram: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração;
não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria." (2Cor 9:7). O dízimo do Velho Testamento foi
exigência legal. Os judeus estavam sob obrigação de dá-lo. O ensino do Novo
Testamento sobre o contribuir focaliza o seu caráter voluntário "Porque,
segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram
voluntariamente." (2Co 8:3). Esta contribuição voluntária
é exatamente o que Abraão e Jacó estavam praticando antes da instituição da
Lei, e é o que todos os cristãos devem estar praticando hoje. Os crentes de
hoje têm a liberdade de dadivar tanto quanto decidam. Se quiserem dar dez por
cento como Abraão e Jacó o fizeram [já vimos a ocasião e através de quem o
fizeram], eles estão perfeitamente livres para tal. No entanto, se decidirem
dar 9 por cento ou 11 por cento ou 20 por cento ou 50 por cento, então podem
muito bem fazê-lo. O padrão de suas contribuições não é uma percentagem fixa,
mas o exemplo de um maravilhoso Salvador -- "Porque já sabeis a
graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez
pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis." (2Co 8:9).
Nosso [exemplo-] padrão de contribuir é o próprio Cristo, o qual não deu 10
por cento nem 20 por cento nem mesmo 50 por cento, mas 100 por cento! Ele deu
tudo que tinha, inclusive sua própria vida, para redimir homens e mulheres
pecadores como eu e como você!
Algumas vezes aqueles que são ricos sentem que, se pagarem apenas seus dez
por cento, Deus estará alegre com eles. No entanto, um rico que dá [apenas]
dez por cento de seus rendimentos pode na verdade desagradar a Deus, se
estiver vivendo uma vida de luxo extravagante enquanto dá [talvez mesmo de má
vontade] uma mera "ração de fome" para a obra de Deus e para as
necessidades dos outros. A vontade de Deus em relação a este homem pode ser
que dadive de 50 a 80 por cento de seus rendimentos, ao invés de 10 por
cento. Cada pessoa deve buscar a Deus sobre o [quanto e o] como ela deve
dadivar.
Ademais, aqueles que são pobres não devem se sentir culpados se não forem
capazes de dar dez por cento de seus rendimentos. É verdade que Deus honrará
o homem que dá sacrificialmente, mas se uma pessoa decide que não pode dar
dez por cento dos seus rendimentos e ainda assim satisfazer as necessidades
mais básicas [suas e de sua família], nós temos que permiti-lo aquela
liberdade, sem julgá-lo. Afinal, em lugar nenhum Deus falou aos cristãos que
é dever deles dar qualquer percentagem fixa.
Que o efeito deste estudo seja libertar-nos dos grilhões das tradições dos
homens que não possam ser substanciadas pela Palavra de Deus (Mar 7:1-13)
[... 7 Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos
de homens. 8 Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos
homens; como o lavar dos jarros e dos copos; ... 9 E dizia-lhes: Bem invalidais
o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. ... 13 Invalidando
assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. ...].
Olhai para Jesus como o padrão e exemplo do vosso contribuir. Procurai a Deus
diligentemente, sede generosos e prontos a compartilhar, para que entesoureis
para vós mesmos o tesouro de uma boa fundação para o futuro, de modo que
alcanceis aquela que é a verdadeira vida! (1 Tim 6:18-19) [18 Que façam
bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam
comunicáveis; 19 Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para
o futuro, para que possam alcançar a vida eterna].
4 - Dadivando, no
Novo Testamento
Se é
verdade que dizimar foi parte da adoração de Israel no Velho Testamento, e
que não tem nenhuma injunção prática sobre os crentes do Novo Testamento,
então vem à tona, naturalmente, a pergunta "Que é que o Novo Testamento
realmente ensina sobre o dar das nossas rendas [a Deus]?" Seguramente, o
local de partida para os crentes do Novo Pacto começarem a entender qual é a
revelada vontade de Deus para o dadivar deles, está nas Escrituras do Novo
Testamento. É exatamente para lá que eu gostaria de lhe levar, para juntos
examinarmos a vontade de Deus para o dadivar do [verdadeiro] cristão.
4.1 - o quanto do nosso dadivar
Uma vez
que já temos estabelecido que o dízimo não é o padrão para crentes na Nova
Aliança, como então determinarmos quanto os [verdadeiros] cristãos devem
contribuir? Examinemos três diferentes textos, para colhermos, com esforço e
cuidado, algum [real e profundo] entendimento sobre este importante assunto.
1 Coríntios 16:1-2: "1 ¶ Ora, quanto à coleta que se faz para os
santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. 2 No
primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar,
conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu
chegar."
Em nosso texto, o apóstolo Paulo dá direções à igreja de Corinto: é em
proporção ao quanto [cada um] tem prosperado que eles devem dar na coleta
para os santos em Jerusalém, [os quais estão] em grande pobreza [e passando
por enormes aflições]. Embora não exista nenhuma menção dos santos em Corinto
darem um dízimo [ou qualquer outra percentagem imposta], eles são instruídos
a darem proporcionalmente à sua prosperidade. O ponto em foco é simples --
aqueles com mais dinheiro dêem mais, aqueles com menos dinheiro, podem dar
menos. Nada mais claro nem mais simples.
Atos 11:27-30: "... 29 E os discípulos determinaram mandar,
cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na
Judéia. ..."
Note, na narrativa, que foi proporcionalmente aos seus meios que os
irmãos em Antioquia dadivaram para os irmãos que sofriam na Judéia. Em outras
palavras, deram de acordo com suas capacidades. Aqueles com mais dinheiro
deram mais, aqueles com menos dinheiro deram menos. Nada mais claro nem mais
simples.
2 Coríntios 9:7: "Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria."
Aqui, Paulo dá direções à igreja, para que dêem aquilo que têm proposto em
seus corações. Note que o apóstolo não lhes diz quanto dar, nem lhes impõe
uma percentagem fixa como padrão. Ele simplesmente lhes diz que, o que quer
que tenham decidido dadivar, devem ir em frente e [efetivarem o] dadivar.
Muitas vezes, no instante em que vemos uma necessidade, determinamo-nos a dar
uma certa quantia, mas depois, quando o tempo de dar nos alcança, somos
tentados a voltar atrás [ou ficar aquém]. Paulo ensina que devemos ser fiéis
em fazer o bem segundo o que já tínhamos proposto em nosso coração. Mas note
igualmente que o apóstolo Paulo deixa o valor a critério dos Coríntios. Não
devemos permitir que outras pessoas [indevidamente] nos manipulem ou nos
intimidem [psicologicamente ou de qualquer outra forma, levando-nos] a dar
por um sentimento de culpa ou de pressão. Tem que não haver nenhuma compulsão
[externa] em nosso dar; o valor tem que ser nossa própria decisão.
Estes textos do Novo Testamento nos ensinam que Deus deixa a nós o decidirmos
sobre o valor das nossas contribuições. [Sim,] devemos dar em proporção aos
nossos meios e a como Deus nos tem prosperado; ... mas, ao final, somos
livres para darmos aquilo que temos o desejo de dar. Quão libertador isto é,
quando consideramos as táticas manipulativas de arrancar dinheiro que muitas
igrejas de hoje tão freqüentemente usam. Tenho estado em igrejas onde os
líderes são induzidos a tomar empréstimos de mil ou dois mil dólares
[22 a 44 salários mínimos brasileiros] [cada líder,] [para dar oferta extra
à igreja, em certas campanhas]. Foram ditos que, se não derem [o estipulado],
a obra de Deus fracassará. Os membros da congregação são pressionados a
escrever e telefonar para parentes, pedindo dinheiro. Há campanhas
pressionando para promessas [assinaturas de carnês, notas promissórias e
outros documentos morais e legais] e para o fundo de construção, com
grandes gráficos coloridos. À medida que o tempo passa, [todos] são
pressionados a dar mais e mais. Permita-me submeter-lhe que tudo isto corre
em direção contrária aos ensinos do Apóstolo em 2Co 9:7 [ver acima]. A
vontade de Deus é que, quando vemos uma necessidade, oremos ferventemente por
direção sobre como podemos satisfazer aquela necessidade. Então, com base na
nossa situação financeira, dadivamos com um coração prazeroso e alegre.
4.2 - o propósito do nosso dadivar
A quais
tipos de necessidades devemos usar nosso dinheiro para satisfazer? Será que o
Novo Testamento nos dá alguma luz sobre este importante assunto? Creio que as
Escrituras são muito claras nesta área. O Novo Testamento ensina que há três
propósitos para nosso dadivar:
1. Satisfazer as necessidades dos santos:
Este tema
é como um fio que vai através de [toda] a Escritura. Consideremos alguns
textos:
Atos 2:44-45 "44 E todos os que criam estavam juntos, e
tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam
com todos, segundo cada um havia de mister." O espírito
de amor e generosidade era tão grande, na igreja primitiva, que os crentes,
de própria vontade e alegremente, abriram mão de suas próprias
propriedades e possessões, para ministrarem às necessidades dos outros
santos. Eles chegaram mesmo ao ponto de vender suas terras e casas para
tomarem conta um do outro (Atos 4:34).
1 João 3:17"Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o
seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor
de Deus?"
Gálatas 6:9-10 "9 E não nos cansemos de fazer bem, porque a
seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10 Então, enquanto
temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos
da fé." Embora o "façamos bem" não seja
claramente definido, seguramente incluiria o dadivar para satisfazer as
necessidades dos domésticos da fé.
Em adição a estes claros textos, lemos também, em Mt 25:31-40,
que, quando Cristo voltar, separará as ovelhas dos bodes. As ovelhas são
descritas como aqueles que alimentaram Cristo quando ele estava faminto,
deram-lhe de beber quando estava sedento, vestiram-no quando estava nu.
Quando as ovelhas replicam: "Senhor, quando ... e te demos de
comer? ... e te demos de beber? 38 ... e te hospedamos? ... e te
vestimos? 39 ... e fomos ver-te?" Cristo responde "
Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes." Aqui, Jesus nos diz claramente que
quando usamos nosso dinheiro para vestir e alimentar os irmãos de Cristo
(crentes, de acordo com Mt 12:50 ["... qualquer que fizer a
vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe."]),
estamos ministrando a ele. Ademais, 1Tm 5:16 ["... para que se
possam sustentar as que deveras são viúvas."] dá instruções
sobre como a igreja deve sustentar viúvas desvalidas. Ainda mais, temos
visto, nos textos já citados, as muitas exortações do apóstolo Paulo para
dadivar aos santos pobres em Jerusalém. Portanto, é bastante claro que uma
das prioridades do dadivar no Novo Testamento é satisfazer as necessidades
dos santos.
2.
Satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos:
Além de
usarmos nosso dinheiro para satisfazer as necessidades dos nossos irmãos e
irmãs em Cristo, as Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para
sustentar os que trabalham na obra do Senhor. Consideremos as seguintes
passagens:
1 Timóteo 5:17-18: "17 ¶ Os presbíteros que governam bem
sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que
trabalham na palavra e na doutrina; 18 Porque diz a Escritura: Não ligarás
a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário."
Neste texto, "honra" tem que significar mais que [meras] estima
e respeito, pois, no verso 3 do mesmo capítulo, Paulo manda a Timóteo "Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas."
Honrar estas viúvas é prover para elas (v. 8) e assisti-las (v. 16).
Portanto, quando Paulo menciona "honrar" os anciãos que trabalham
duramente na pregação e ensino [da Palavra], imediatamente depois que ele
mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que ter a mesma coisa em mente --
prover e assistir aos anciãos financeiramente, de modo que possam se dedicar
ao trabalho de labutarem na Palavra. Um ancião ensinador é como um boi que
deve ser permitido comer enquanto está debulhando. Em outras palavras, deve ser
sustentado e cuidado enquanto está trabalhando com todo esforço. Ele também é
como um operário, o qual é digno de seu salário. A uniforme prática
apostólica do Novo Testamento foi a de apontar anciãos para superintenderem
as igrejas que os apóstolos plantavam. Paulo simplesmente está dirigindo as
igrejas a proverem e assistirem financeiramente estes anciãos, de modo que
possam dar seu tempo à tarefa de ministrarem ao rebanho.
1 Coríntios 9:6-14 "6 Ou só eu e Barnabé não temos direito de
deixar de trabalhar? 7 Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a
vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do
leite do gado? 8 Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o
mesmo? 9 Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi
que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? 10 Ou não o diz
certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que
lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança
de ser participante. 11 Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito
que de vós recolhamos as carnais? 12 Se outros participam deste poder sobre
vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste
direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao
evangelho de Cristo. 13 Não sabeis vós que os que administram o que é
sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto
ao altar, participam do altar? 14 Assim ordenou também o Senhor aos
que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho."
Nesta passagem Paulo está clamando que os apóstolos tinham todo o direito
de abster-se de [viverem de] trabalhos seculares e todo o direito de
receberem o sustento material daqueles a quem serviam. De fato, Paulo
assevera que o Senhor mandou àqueles que proclamam o evangelho que obtenham
seu viver do evangelho.
Filipenses
4:15-18 "15
E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando
parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a
receber, senão vós somente; 16 Porque também uma e outra vez me mandastes o
necessário a Tessalônica. 17 Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que
cresça para a vossa conta. 18 Mas bastante tenho recebido, e tenho
abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa
parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e
aprazível a Deus."
Neste
texto o apóstolo declara expressamente que a dádiva que os filipenses lhe
haviam enviado foi um fragrante aroma, um sacrifício aceitável, e foi
agradável a Deus. O próprio Deus nos tem dado sua aprovação para usarmos
nosso dinheiro para sustento de fiéis obreiros cristãos. Portanto, é
importante que o povo de Deus utilize seus recursos financeiros para
sustentar obreiros cristãos, quer sejam anciãos de uma igreja local, ou
evangelistas itinerantes, ou missionários.
3. Satisfazer as necessidades dos pobres:
Em
adição ao uso do nosso dinheiro para satisfazer às necessidades dos santos e
dos obreiros cristãos, as Escrituras também nos mandam usar nosso dinheiro na
satisfação das necessidades dos pobres. Considere os seguintes textos:
Lucas 12:33-34 "33 Vendei o que tendes, e dai esmolas.
Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca
acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. 34 Porque, onde estiver o
vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."
Efésios 4:28 "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe,
fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver
necessidade."
Aqui a pessoa que sofre a necessidade não é identificada como crente, mas
presumivelmente pode ser qualquer um padecendo privação.
Tiago 1:27 "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai,
é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se
da corrupção do mundo."
Visitar órfãos e viúvas em suas necessidades tem que significar mais que
fazer-lhes uma mera visitinha social. Está implícita, na declaração, a idéia
de ajudar estes órfãos e viúvas, o que, sem dúvidas, requereria dadivar
sacrificialmente.
Como temos visto, podemos desta maneira sumariar o ensino do Novo Testamento
sobre o propósito do dadivar --
[a] satisfazer as necessidades dos santos,
[b] satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos, e
[c] satisfazer as necessidades dos pobres.
Note que o dadivar, no Novo Testamento, é sempre para satisfazer as
necessidades das pessoas. É interessante que aquela coisa na qual a
igreja na América gasta a maior parte do seu dinheiro, depois de pagar o
salário do seu pessoal, não é de modo algum mencionada [no Novo Testamento]
-- prédios da igreja! A Bíblia simplesmente não fala de [nenhuma] igreja
entrando em débito para comprar [ou construir] caros prédios, pela simples
razão de que a igreja primitiva não se reunia em prédios especiais. Eles se
reuniam em casas. Assim, não havia despesa "não estrita e diretamente
com o evangelho e com pessoas" [tal despesa], só faria drenar a energia
e as finanças da igreja. Desta maneira, todas as dádivas do povo de Deus
podiam ir diretamente para satisfazer as necessidades de pessoas.
Incidentalmente, não há nas Escrituras nada de que eu tenha conhecimento e
que exija que todo nosso dadivar ao Senhor tem que ser primeiramente entregue
aos líderes da igreja, e depois distribuídos por eles [conforme eles o
prefiram]. De fato, creio que algumas das nossas dádivas devem ser feitas
diretamente de pessoa para pessoa, para preservarmos o anonimato (Mt 6:1-4).
É, razoável, portanto, colocar de lado (em casa ou numa conta bancária separada
e especial) uma parte da sua dádiva total, de modo que, quando uma
necessidade especial ou uma emergência surgir, tenhamos alguns recursos
financeiros de que possamos sacar para satisfazer aquela necessidade.
4.3 - o modo do nosso dadivar
Além de
nos iluminar sobre o valor total e sobre o propósito do nosso dadivar, as
Escrituras nos ensinam diversas coisas sobre como devemos
dadivar.
1. Devemos dadivar anonimamente:
Em Mateus
6:1-4 [1 ¶ Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens,
para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai,
que está nos céus. 2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar
trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o
seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda
o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.
Jesus nos ensina a dadivar em segredo, para que aquele que vê em segredo
nos recompense. Este tipo de dadivar é preferível pois protege o dadivador de
orgulho espiritual. Quando você quiser dar uma dádiva a alguém, procure
maneiras de satisfazer a necessidade que você percebeu, sem que o
beneficiário jamais saiba quem deu o dinheiro [5].
2. Devemos dadivar voluntariamente (por nossa
vontade, com amor):
2 Coríntios
8:3-4 diz
"3 Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda
acima do seu poder, deram voluntariamente. 4 Pedindo-nos com muitos
rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia
para com os santos."
Somos aqui ensinados que as igrejas da Macedônia deram de suas próprias
vontades. Ninguém os estava manipulando [emocional e psicologicamente], nem
lhes torcendo o braço [obrigando-os]. Em 2Cor 9:7 Paulo diz "Cada
um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." Se
não devemos dadivar com tristeza ou sob compulsão [externa], então
devemos dadivar voluntariamente [de ânimo pronto, com prazer e alegria]. Deus
quer que nosso dadivar provenha do nosso coração. Ele quer que dadivemos
porque temos todo o desejo de fazê-lo.
3. Devemos dadivar expectativamente:
Quando
dadivamos, devemos esperar que Deus nos abençoe nesta presente vida.
Consideremos os ensinos do apóstolo Paulo.
2 Coríntios 9:6 "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará."
Quando alguém semeia por girar seu braço e espalhando abundantemente as
sementes com a mão aberta, parece que está apenas jogando fora bom grão. Mas,
se ele firmemente prendesse as sementes na sua mão [não deixando nenhuma
escapar], ou se apenas jogasse uma ou duas sementes, teria uma ceifa muito pequena.
Assim também com o dadivar do crente. Se não dermos nada ou se dermos muito
pouco, só podemos esperar muito poucas bênçãos. Mas, se dermos com uma mão
aberta e generosa, podemos esperar que colhamos abundantemente. John Bunyan
disse uma certa vez: "Um santo nunca dizia 'esta moeda é minha', e,
quanto mais ele dadivava, mais ele tinha." Muitos têm torcido 2Cor 9:9
como se ensinasse que Deus quer que dadivemos tendo, dentro de nós mesmos, o
objetivo de recebermos. Este tipo de ensino apela para a carne, e faz crescer
um espírito de avareza e cobiça nos crentes. Mas, ao contrário disto, Paulo
nesta passagem está ensinando que devemos dadivar com o objetivo de
recebermos mais para podermos dadivar [ainda] mais. Vejamos como Paulo
expressa isto, nos versos 8-11: "8 E Deus é poderoso para fazer
abundar em vós toda a graça, A FIM DE QUE, tendo sempre, em tudo, toda a
suficiência, abundeis em toda a boa obra; 9 Conforme está escrito:
Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre. 10 Ora, aquele
que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a
vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; 11 Para que em
tudo enriqueçais PARA toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem
graças a Deus." Notemos, nesta passagem, que Paulo está
asseverando que Deus abençoará o dadivador generoso fazendo toda a graça
abundar sobre ele, para que, em conseqüência, este tenha uma abundância para
toda boa obra. Ademais, Deus promete multiplicar a semente do dadivador para
semear e [promete] aumentar a colheita de sua retidão. Estas passagens sem
dúvida alguma apontam para o fato de que Deus abençoa aqueles que dadivam, de
modo que possam dar ainda mais. Uma vez que Deus é o maior dadivador de
todos, devemos nos esforçar para sermos na semelhança dele. E a única maneira
de podermos ser maiores dadivadores no futuro é começarmos a dar
generosamente agora! É muito interessante que isto seja exatamente o que os
Provérbios de Salomão nos ensinam, embora tenham sido escritos centenas de
anos antes.
Provérbios 19:17 "Ao SENHOR empresta o que se compadece do
pobre, Ele lhe pagará o seu benefício."
Provérbios 11:24-25 "24 ¶ Ao que distribui mais se lhe
acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda. 25 ¶ A
alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido."
Em adição, também devemos esperar que Deus nos abençoará na vida futura. Se
há uma coisa que a Bíblia deixa muito clara é que, quando dadivamos, estamos
entesourando para nós mesmos tesouros no céu. Note a ênfase nos tesouros
celestiais, futuros, nas seguintes passagens:
Mateus 6:19-21 "19 ¶ Não ajunteis tesouros na terra, onde
a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas
ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os
ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração."
Lucas 12:33 "Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para
vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde
não chega ladrão e a traça não rói."
1 Timóteo 6:18-19 "18 Que façam bem, enriqueçam em boas obras,
repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; 19 Que entesourem para si
mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida
eterna."
Em todas estas passagens (quer dirigidas aos discípulos, ao rico jovem
proprietário, ou aos opulentos crentes de Éfeso) a mensagem é a mesma -- o
generoso dadivar será recompensado por tesouros celestiais. Preferirias tu
ter ter seu tesouro na terra, onde perecerá, ou no céu, onde o gozarás
eternamente? Tua resposta a esta pergunta terá muito a ver com o como verás e
usarás tuas riquezas.
4. Devemos dadivar animadamente (com ânimo, alegria):
Em 2Coríntios
9:7 nós aprendemos qual espírito devemos ter ao dadivarmos "Cada
um contribua segundo propós no seu coração; não com tristeza, ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Se cada crente soubesse quão grande chuva de bênçãos gozaríamos através
do dadivar, seríamos como os crentes da Macedônia, que imploraram a Paulo
para terem a oportunidade de dadivar (2Cor 8:3-4)! Dadivar deveria ser visto
como um grande privilégio, não como uma pesada carga ou um doloroso dever.
Deus não deseja que seu povo dadive movido por um sentimento de compulsão
[ser empurrado à força e contra a vontade], mas sim movido por uma atitude de
alegria e animação. A suprema e definitiva passagem no NT que declara a
atitude com a qual devemos dadivar, descrevê-a como "com alegria".
Que Deus nos ajude a dadivar em um espírito que O honre!
5. Devemos dadivar sacrificialmente:
Nas
Escrituras temos vários exemplos onde Deus olha com aprovação para o nosso
dadivar sacrificial:
2 Coríntios 8:1-5 "1 ¶ Também, irmãos, vos fazemos conhecer a
graça de Deus dada às igrejas da Macedónia; 2 Como em muita prova de
tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza
abundou em riquezas da sua generosidade. 3 Porque, segundo o seu poder
(o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente.
4 Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste
serviço, que se fazia para com os santos. 5 E não somente fizeram como nós
esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a
nós, pela vontade de Deus."
Logo de partida, notemos que os crentes macedônicos tinham pouquíssimos
dinheiro e bens. São descritos como estando suportando muita aflição e
experimentando profunda pobreza. Apesar de tudo, também é dito que tinham
dadivado além das suas possibilidades! Que Deus nos habilite a os imitarmos
em nossas próprias vidas!
Marcos 12:41-44 "41 ¶ E, estando Jesus assentado defronte da
arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na
arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. 42 Vindo, porém, uma pobre
viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. 43 E, chamando
os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva
deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; 44 Porque todos
ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o
que tinha, todo o seu sustento."
Jesus escolheu esta mulher para servir aos seus discípulos de maravilhoso
exemplo do dadivar. Quando Cristo viu o espírito sacrificial dela [amoroso e
de vontade livre e boa], Ele chamou os Seus discípulos para se aproximarem,
observarem, e aprenderem uma lição, através da vida dela. Que também
aprendamos, e saiamos, e façamos semelhantemente!
Podes tu afirmar que teu dadivar é caracterizado por um espírito de
sacrifício [com felicidade]? Teu dadivar realmente te é custoso? [Realmente
representa um sacrifício?] Na realidade, não é quanto dadivamos que é tão
importante, mas sim quanto [é que resta e] guardamos para nós mesmos, depois
de dadivarmos. Que nosso grande e glorioso Deus nos habilite a praticarmos um
gozoso e sacrificial dadivar!
4.4 - a motivação do nosso dadivar
Agora
que já temos visto os que as Escrituras nos ensinam com referência ao total,
ao propósito, e à maneira de dadivarmos, voltemo-nos para examinar o que a
Bíblia nos ensina sobre qual deve ser a motivação do nosso dadivar.
1. O exemplo de Cristo:
Justo
na metade da mais extensa exposição do Novo Testamento sobre o dadivar
(2Cor 8-9), o apóstolo Paulo lança mão do exemplo de Jesus Cristo para
estabelecer qual deve ser nossa maior motivação. Considere as palavras de
Paulo em 2Cor 8:9, "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor
Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela
sua pobreza enriquecêsseis." Cristo era infinitamente rico em sua
existência pré-encarnação, no céu. Era incessantemente adorado por uma grande
hoste de seres angelicais. Sendo Deus, exercia onipotência, onisciência e
onipotência. Juntamente com o Pai e o Espírito Santo, reinava sobre todo o
universo que tinham criado. Todavia, Cristo de livre vontade escolheu se
tornar pobre. Jogou no chão seu direito ao exercício independente de seus
atributos. Nasceu em um estábulo e foi criado por pais muito pobres. Viveu
uma vida obscura e simples. Dependeu do [Deus-] Pai para toda a sua
sobrevivência. Nunca acumulou possessões durante [todo o] tempo de sua vida;
na verdade, parece que as únicas possessões que ele podia chamar de suas
foram as roupas sobre suas costas. Ao final de sua vida, [pela própria
vontade] ele entregou a única coisa que ainda lhe restava, sua própria vida.
Ao depor sua vida Jesus estava dando tudo, para nos livrar dos nossos
pecados. Embora fosse rico, tornou-se pobre. E qual foi o propósito deste
grande ato de sacrifício? Foi que, através de sua pobreza, nós nos
tornássemos ricos. Nós, aqueles que cremos nele, temos herdado grandes
riquezas: perdão, adoção, justificação, Deus o Espírito Santo habitando em
nós, paz com Deus, acesso a Deus, santificação, e a glória eterna que em
breve virá! Note que Cristo não nos deu apenas dez por cento dos seus
recursos ao nos comprar e presentear tamanhos tesouros! Ele deu 100%! Um
discípulo naturalmente deseja ser como seu senhor. Portanto, empenhemo-nos
esforçadamente para imitar nosso Senhor. Não nos contentemos em dar uma
pequena fração de nossa renda. Oremos que Deus nos habilite a dar mais e
mais, para ajudar pessoas sofrendo e para expandir o reino de Deus através do
mundo!
2. A ordem de Cristo:
Não
apenas temos o exemplo de Cristo para nos motivar, como também temos sua
ordem. Jesus expressou-se muito claramente em João 15:12-13, "12 O
meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos
amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida
pelos seus amigos.". Jesus, nesta passagem, está ordenando aos seus
seguidores que amem um ao outro de modo idêntico àquele com que Ele os amou
-- a saber, sendo totalmente dedicado a eles. Este tipo de dedicação tem que,
pela própria natureza do caso, incluir a vontade de darmos dos nossos
recursos para ajudarmos um ao outro. Jesus deu tudo, inclusive sua própria
vida, por nós. É deste modo que somos ordenados amar um ao outro. Saberemos
se realmente amamos nossos irmãos e irmãs quando estivermos desejosos de abrir
nossa carteiras ou talões de cheque e dar para satisfazer suas [reais]
necessidades. Que Deus nos habilite a seguirmos seu Filho em obediência!
5 - Conclusão
As
Escrituras não ensinam que o dízimo é obrigatório sobre os crentes durante [a
dispensação de] o Novo Testamento. No entanto, as mesmas Escrituras
[decididamente] ensinam que os crentes devem ser dadivadores generosos,
sacrificiais, expectantes, e gozosamente animados! Será que isto descreve
você? É minha sincera oração que o Espírito Santo use este escrito para o
desafiar a repensar os seus padrões de dadivar, e para verificar se eles se
alinham com a vontade de Deus, conforme expressa no Novo Testamento. Se não
estiverem, vá ao Senhor em oração e peça-lhe o poder e a graça para lhe
obedecer plenamente em todas as coisas.
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