"E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico". Marcos 2:4.
O paralítico só foi curado, porque passou pelo buraco e saiu ao encontro de Jesus Cristo.
O
tatu vive num buraco escondido, muitas vezes sai para comer e logo volta para
sua toca. Não consegue vê a beleza que está em seu redor.
Nem passa pela sua
cabeça que existem outros lugares para ser explorados.
Para
ele, é impossível perceber a profundidade não dos buracos, mas do universo.
Se
conseguir-se olhar para cima veria e poderia dizer – Deus, como são maravilhosas,
tuas obras!
Conquanto
todos saibam que seja um animal, podemos compará-lo com alguns seres humanos.
O
Deus de algumas pessoas está preso em buracos.
Buraco
que não se estende além do seu mundo.
Buraco
pela falta de lógica, quando sola prova lama e barro escuro.
Buraco
do não descobrir que existe um mundo lá fora.
Gerir
para esse tipo de tatu que seus sentidos, suas emoções e sua forma de viver não
condizem com a mais pura realidade, é quase impossível.
Queremos
leva-los ao descobrir, tirá-lo da toca, dos buracos da vida que lhe levaram e os
fizeram presos.
Considerando
que quase tudo fica velho, o que parece importante hoje, amanhã não terá mais
importância para o velho – o velho de idade, quase não sente as necessidades
que hoje sentimos.
Tudo
para ele parece banal, pois não foi só porque ficou com a idade avançada, mas
porque soube, entendeu e adquiriu sabedoria para saber que aquilo que outrora
fizera, não passa de pura ignorância.
Se
ele pudesse, quereria esquecer o resultado de andar em certos tipos de furos.
Embora
fosse jovem, e não percebeu que um dia ficaria velho, e ao que parece não se soube
que tatu envelhece, não ligou e continuou com seus desvios, e, portanto, chegou
o dia.
É
normal ter disposição quando jovem, e está animado, contente e parece que tudo
é um mar de rosas; mas quando tatu, o escuro parece bonito, e a lama gostosa
uma vez que sente que escorregar-se nela, é divertido.
Não
é porque, não conhece, é porque o anormal é aventuroso. Sem se dá credito que o
mundo envia para todos, mudanças – sejam essas, mortes, defeitos físicos,
trabalhos etc., ele entra o mais profundo que possa alcançar no antro.
Não
é de admirar que a vida, para nós, limita-se em fazer. Temos uma mentalidade em
olhar as principais coisas que nos cercam. Em teoria, conhecemos as coisas da
igreja; da fé; e do amor; mas confundimos, porque nosso ideal é nos mostrar conscienciosos
com tudo.
Se
quisermos fazer algo que nos traga prazer, não vemos nenhuma dificuldade em
fazer por mais que seja difícil fazê-lo; pois nos esforçamos ao máximo.
Começamos
com os planos na mente, e adentramos na realização, a fim de alcançar nossos
objetivos. Daí o horizonte é gigante em realizar.
Quando
alguém quer ir numa festa importante, porém, não tem o ingresso de entrada,
fala, liga, entra em contatos com os amigos com o fim de adquiri-lo de todo
jeito.
O
tatu ai sabe que se não pode ir somente em direção reta, pois não alcançará
nada.
Ele
sente o cheiro do que quer, mas como é tatu ainda permanece no buraco com medo
do que há lá no horizonte.
Começamos
vivendo como queremos a pensar que o importante não seja as necessidades dos
outros, muitos mais as nossas satisfações é o que importa.
Vivemos
numa mundo ilusório, do imaginável, de puras aparências fora da realidade, isto
é, os outros têm que nos notar.
Então
os que alguns fazem, devemos fazê-los também. O tatu tem companhia. Não consegue
ficar sem tomar a vacina dos prazeres que a vida lhe oferece.
Ele
esquece que as realidades perdurarão por uma vida inteira. A injeção do prazer
passa, e volta à doença.
A
satisfação no beber na noite é muito boa, mas quando chega pela manhã, que dor
de cabeça.
O
tatu saiu da toca, mas foi perseguido pelas suas escolhas.
Seu
corpo sente suas aventuras com o passar do tempo.
Sabe
que não pode continuar, mas o que dizer uma vez que está acostumado viver nos
buracos.
Ele
sabe que não há espaço se não cavar. Está cansado com as experiências, e
reflete no assunto, contudo, pensa – o que dirão meus amigos tatus se eu mudar?
Eu
nasci tatu e vou morrer sendo tatu, pois uma vez tatu, sempre tatu.
O
tatu se acostumou a viver dentro do buraco, e o universo parece pequeno demais
para ele.
É
certo que tatu não pode voar, mas ninguém nunca pode afirmar que ele não possa
sair do buraco que se encontra.
Para
ele é ser incrédulo. Crer somente que vive no gozo da vida, num espaço sem
sentido e num esconderijo do seu eu – ego exclusivista mascarado pelos defeitos.
Seu
suspiro é somente o ar que respira na neblina do fedor da terra.
E
como parece bom esse cheiro do prazer! Usa a desculpa para tudo para não sair
da cova, pois encontra lá os cadáveres.
O
comer o podre, parece-lhe bom e agradável. Nunca
saiu, nunca quis mudar sua
situação. Então a carne putrefata, lhe parece ótima.
Quando
se está doente, o que uma pessoa mais quer, é a cura. O enfermo acredita com
todas as suas forças que pode chegar ao restabelecimento.
Se
ele pudesse, e tivesse dinheiro para isso, não deixaria de empregar todos os
esforços a fim de se curar.
Seu gozo aqui está direcionado num único objetivo: quero sair desse estado de
morte.
Por
quê? Sabe que irá onde estão todos quando morrem (cemitério), num buraco
profundo.
Agora
consegue vê com mais clarezas, que suas necessidades que antes eram parecia
serem boas, não faz mais sentido se morrer.
Decide:
não posso ficar assim desse jeito, pois minha vida está um caos, e sei que meu
corpo irá desfazer-se.
Com
um raciocínio lógico e definitivo, sai do buraco e olha para cima. Vê o céu, e,
passa a acreditar – eu posso sair desta terra, e me elevar-se para uma nova
vida digna.
-
Não quero permanecer sendo tatu pelas escolhas dos outros, eu sou livre para
ser descente, tenho caráter, sou eu, posso me enxergar que meu corpo não é
outro – sou homem, não sou mulher, sou mulher e não sou homem – oh que
maravilha! Exclama: “Venci, meu eu!”. [G].
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