Se um pastor
perguntasse do púlpito: Sim ( )
Tem você a
certeza da salvação? Qual seria sua resposta? Não ( )
Diante da situação acima
descrita, três procedimentos distintos poderiam ser observados numa
congregação: 1. Poucos levantariam a mão confirmando sua plena certeza; 2.
Alguns, ao analisar sua claudicante vida religiosa, teriam coragem de confessar
que não tem certeza; 3. Um terceiro grupo hesitante, cheio de dúvidas, não se
posicionaria nem de um lado nem de outros.
Trata-se, realmente, de um assunto
delicado. Se por lado há alguns textos que dão ênfase à certeza presente da
salvação, por outro há aqueles que parecem questionar tal certeza. Há pouco
tempo um irmão me pediu que explicasse a seguinte declaração de Ellen G. White:
“Não se deve ensinar aos que aceitam o salvador, conquanto sincera sua
conversão, que digam ou sintam que estão salvos. Isto é enganoso. Devem-se
ensinar cada pessoa a acariciar esperança e fé; mas, mesmo quando nos
entregamos a Cristo e sabemos que Ele nos aceita não estamos fora do alcance da
tentação”. Parábolas de Jesus, pág. 155.
Outra declaração semelhante do Espírito
de Profecia deveria ser citada: “Jamais devemos repousar num estado de
satisfação, e deixar de fazer progresso, dizendo: ‘Estou salvo’. Se é entretida
esta idéia, deixam de existir os motivos para a vigilância, a oração, o esforço
sincero em seguir para frente, rumo de consecuções mais elevadas”. – Mensagens Escolhidas,
vol. 1, pág. 314.
Existe base segura para
uma solução convincente?
Antes de qualquer
resposta, será útil fixar bem este princípio exegético: Nenhum verso da Bíblia
ou declaração do Espírito de Profecia devem ser explicados fora do contexto.
Os dois trechos da pena
inspirada acima citados, embora pareçam decisivos, só poderão ser bem
compreendidos se estudados dentro do contexto e comparados com tudo o que Ellen
G. White escreveu sobre a salvação.
É fácil observar que a citação de
Parábolas de Jesus aparece no capítulo chamado “Um sinal de Grandeza”, onde são
mencionados os contraditórios adoradores o publicano e o fariseu. A confiança
própria do fariseu se assemelhava à jactância de Pedro “Ainda que todos se
escandalizem, eu jamais!” Marcos 14.29. O contexto de Mensagens Escolhidas é
claro em mostrar o perigo da confiança própria, os que “repousam num estado de
satisfação e deixam de fazer progresso”.
Nos dois trechos há uma
clara condenação à doutrina Calvinista, muito defendida hoje ainda por alguns
grupos evangélicos de que “Uma vez salvo, salvo para sempre”. Ao escrever estas
declarações, a Sra. White não estava afirmando que havia qualquer virtude na
insegurança, mas apenas se referindo aqueles que criam que, uma vez salvos,
nada os poderia afastar desta posição.
É oportuna, para
elucidar este assunto, a citação da nota da Lição da Escola Sabatina do dia
23.04.1986: “Precisamos evitar os dois erros geminados de negar a certeza e de
ter falsa segurança... Negar a certeza é negar a realidade das promessas de
Deus. Mas, o erro oposto é ter a falsa certeza por vezes expressa deste modo:
Uma vez salvo, salvo para sempre”.
A certeza da Salvação
nos pertence estando em Cristo, baseados na fidelidade das promessas de Deus,
mas se escudada na fragilidade da confiança própria e nos falhos propósitos
humanos, deve ser condenada com veemência, como fez Ellen G. White no caso de
Pedro. Em outras palavras, enquanto mantivermos nossa ligação com Cristo, temos
a certeza de Sua Salvação (João 10.29). Porém, se dEle nos afastarmos, não
existe nenhuma certeza como nos indica Hebreus 6.4 a 6.
Como Igreja, defendemos a certeza da
Salvação, mas para nós ela não tem o mesmo significado da expressão: “Uma vez
salvo sempre salvo”.
Plena Certeza
Alguns textos
bíblicos comprovadores da certeza da salvação são os seguintes:
1. Jó 9.25 e 26: “Porque
eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a Terra. Depois,
revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus”.
2. Salmo 23.6: “Bondade
e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei
na casa do Senhor para todos sempre”.
3. Isaías 45.22: “Olhai
para Mim, e sede salvos, vós, todos os termos da Terra, porque Eu sou Deus, e
não há outro”.
4. João 5.24: “verdade, em verdade
vos digo: Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou, tem a vida
eterna”.
5. João 10.28: “Eu
lhes dou a vida eterna; jamais parecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará
da Minha mão”.
6. Atos 16.30 e 31: “Depois,
trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?
Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”. A resposta
de Paulo e Silas à pergunta do carcereiro indica absoluta certeza na salvação
que Cristo nos proporciona.
7. Romanos 8.16: “O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”.
8. II Coríntios 1.22
e 5.5 nos afirmam que Deus nos outorga o penhor do Espírito. A palavra grega
para penhor é arrabon [Promessa – garantia legal], significando no grego
clássico o dinheiro pago com entrada ou primeira prestação para realizar um
negócio. Tornou-se uma promessa ou garantia legal, que o devedor pagaria o restante.
De modo idêntico ao nos convertermos, recebemos de Deus a dádiva do Espírito
Santo como o penhor, a garantia, convicção, de que Deus com toda a certeza, no
futuro, nos concederá nossa herança.
9. Efésios 2.8: “Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.
10. II Timóteo 1.12: “Porque
eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o
meu depósito até aquele dia”.
11. Hebreus 11.1: “ora, a fé é a
certeza de coisas que se esperam a convicção de fatos que se não vêem”.
Outros trechos
bíblicos poderiam se alistados, mas os onze citados são suficientes para
desfazer qualquer dúvida que paire na mente de alguém.
Autor: Pedro Apolinário
Ex-Professor: Instituto
Adventista de Ensino
Livro: Pesquisa Serôdia – págs. 11 a
15.
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